Reitor lança desafio às autarquias para criação de programa de bolsas

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António Branco, reitor da Universidade do Algarve

O reitor António Branco, considerou que “os tempos que não têm sido fáceis para a Universidade do Algarve”, mas frisou que, mesmo assim, a instituição “conseguiu recuperar a quota de recrutamento regional, afirmando-se como a instituição que mais cresceu entre o conjunto das universidades portuguesas”.

O discurso de Antóno Branco foi um dos pontos altos da cerimónia de encerramento das comemorações do 36.º aniversário da Universidade do Algarve, que se realizou na última semana, no Grande Auditório do Campus de Gambelas.

Fazendo uma alusão ao processo de criação da academia algarvia, que nasceu de uma iniciativa de cidadania inédita, que levou à sua aprovação em 1979, na Assembleia da República, o reitor reconhece que “talvez hoje seja necessária outra iniciativa inédita e fortemente coletiva para a ajudar nesta já demasiado longa crise”.

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Ao mesmo tempo, lançou um repto às autarquias, que “muito já têm contribuído para a divulgação do papel essencial da universidade na região”, desafiando-as a criarem um programa de bolsas que premeie os jovens que decidam prosseguir os seus estudos na UAlg.

Importância da CCDR na resistência à austeridade

O reitor evidenciou o “papel crucial” da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, a quem compete gerir as candidaturas aos fundos previstos no Programa Operacional CRESC 2020 e que “muito contribui para a resistência da UAlg”.

Para dar um exemplo das dificuldades, António Branco lembrou que “em 2010, a dotação do Orçamento de Estado cobria quase integralmente as despesas com pessoal”, mas “apesar da forte diminuição do conjunto das despesas associadas ao pagamento dos vencimentos, desde 2012 aquela dotação só satisfaz cerca de 80% desses gastos”.
“Acresce a tudo isto que a Universidade do Algarve ainda não deixou de cumprir com as suas obrigações de pagamentos aos fornecedores nos prazos legalmente estipulados e que, até ao momento, não contraiu um cêntimo de dívida junto do sistema bancário”, frisou.

Eliminação de praxes abusivas

Mas, de acordo com o reitor, o prestígio de uma universidade deve ser construído por todos os agentes envolvidos. “E os estudantes também podem contribuir de outro modo para o prestígio da instituição, especialmente se forem capazes de, em conjunto com a reitoria, com as unidades orgânicas, com os diretores de curso e com os professores, melhorar substancialmente os padrões éticos e civilizacionais das atividades de receção dos novos estudantes”.

Numa referência concreta aos acontecimentos do início do ano letivo ocorridos na praia de Faro e amplamente noticiados, António Branco apelou a uma responsabilidade conjunta que traduziu na seguinte pergunta: “Como podemos preservar a alegria de receber os novos estudantes, a festa académica do acolhimento e da integração, ao mesmo tempo que repudiamos as práticas abusivas e em tudo contrárias a essa alegria do encontro?”.

Apelo à participação na revisão dos estatutos

Já a partir de janeiro, irá ser lançado o debate sobre duas reformas internas inscritas no Plano Estratégico da UAlg e que, na opinião do reitor, “exigirão um elevado sentido de responsabilidade e de envolvimento de toda a comunidade académica: a revisão estatutária e a restruturação da orgânica dos serviços.”

O presidente do Conselho Geral da UAlg, Luís Magalhães, também fez referência ao processo de revisão dos estatutos da Universidade do Algarve, que se quer amplamente participado e que deve explorar novas formas de juntar competências instaladas e decorrentes modos de organização institucional. Luís Magalhães apelou igualmente à comunidade universitária para que “participe neste processo ativamente e de mente aberta a novas soluções, de preferência reduzindo burocracia e custos e evitando estruturas intermédias evitáveis”.

Manuela Silva, lição de sapiência

Outro dos pontos altos da cerimónia coube a Manuela Silva. No rescaldo da Cimeira sobre o clima, que decorreu em Paris, centrou a sua lição de sapiência nos cenários atuais e nas perspetivas de futuro, sem esquecer Portugal, no período que atravessamos e com projeção num futuro próximo. Durante a sua intervenção abordou questões como a sobrevivência da espécie humana, o esgotamento de recursos não renováveis, a poluição, a perda grave da biodiversidade, a acumulação de lixos em terra e no mar, o aquecimento global do Planeta e o terrorismo. Simultaneamente, Manuela Silva foi interpelando e apresentando um conjunto de desafios a que a universidade do século XXI não deve furtar-se, e que vão para além do conhecimento e da sua transmissão.

Intervenções da comunidade académica

A cerimónia contou ainda com a intervenção de Hélio Martins, em representação dos funcionários. Na UAlg há 25 anos, traçou uma breve resenha do caminho percorrido e, embora sabendo que “o amanhã é imprevisível e que todos temos de estar preparados para essa imprevisibilidade”, Hélio Martins sabe que “a UAlg continua a crescer e sabe que quer continuar a fazer parte desse crescimento, participando nos desafios que se aproximam.”

Em representação dos docentes, Jorge Isidoro, através da descrição do seu percurso pessoal tentou homenagear todos aqueles que diariamente dão resposta às necessidades permanentes e efetivas da Instituição, sem esquecer os alunos. “Creio que estes nunca se aperceberam do maior retorno que sempre me deram, e que de forma tão desinteressada e permanente dão a todos aos seus professores: o de diariamente relembrar-nos de como olhar o presente e o futuro através dos olhos de um jovem.”

Certo de que “o saber é a única arma contra a indiferença e a intolerância”, o professor recordou uma frase frequentemente citada nas suas aulas de Hidrologia: “a grandeza dos oceanos deve-se à sua humildade, à humildade de se colocarem uns escassos centímetros abaixo dos rios, e, por isso, destes poderem receber as suas águas”.

Nuno Lopes, que proferiu o seu último discurso enquanto presidente da Associação Académica da UAlg, assegurou que os estudantes “continuarão a participar ativamente na definição e construção de melhores caminhos para o ensino superior, dando especial atenção à divulgação da importância do desenvolvimento de aptidões adicionais” (as tão faladas soft-skills). O presidente cessante defendeu ainda que “o sucesso de uma universidade mede-se também pelo sucesso dos seus alunos no mercado de trabalho” e recordou que “os empregadores hoje em dia valorizam, não só as competências técnicas adquiridas, mas também as aptidões extracurriculares”.

Patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos, foi atribuído o Prémio Universidade do Algarve aos seis alunos com melhor classificação final de curso no ano letivo 2013/2014, nas diversas áreas de formação inicial (licenciaturas e mestrados integrados), no valor de 1000 euros.

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