Remate certeiro: Autarquia de Loulé distingue o escritor Mário de Carvalho

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Enquanto a autarquia de Loulé distingue o escritor Mário de Carvalho, pouco se sabe sobre o futuro do Concurso Nacional de Ensaio, Rosa Mendes, na Cidade Pombalina

“O ofício da escrita é apreciado neste Município, procura-se divulgar a beleza das construções que a palavra permite.

Acreditamos que a Cultura é uma ferramenta que nos pode construir a todos nós de uma forma muito mais humana”, afirmou Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé, durante a sua intervenção, por ocasião da entrega do Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários, ao escritor Mário de Carvalho, que esteve no Sábado passado em Loulé, numa cerimónia que decorreu na Sala da Assembleia Municipal.

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Recuperemos, outra vez, parte do que disse Vítor Aleixo, “Acreditamos que a Cultura é uma ferramenta que nos pode construir a todos nós de uma forma muito mais humana”, e a isso, chamamos de o seu a seu dono, porque tal como recordamos no nosso último Remate Certeiro têm sido as Câmara Municipais do Algarve, quem mais tem feito pela Cultura na Região.


E aqui irremediavelmente, devemos tratar os bois pelos nomes, sem receio de nos confrontarmos, apesar do nosso peso, com qualquer jogo de ancas.


Sublinhe-se, que percurso contrário, assistimos com pesada tristeza, à súbita paragem, mas que nós desejamos que seja apenas um hipotético adiamento, do Prémio Nacional de Ensaio Histórico António Rosa Mendes, que era o maior concurso do país visando promover a investigação e a literatura sobre história.

Uma foto com história, quando Marco Sousa Santos, venceu o Prémio Nacional de Ensaio Histórico António Rosa Mendes


Com periodicidade bienal, este concurso, lançado no âmbito da homenagem da autarquia de Vila Real de Santo António e da Universidade do Algarve, e aqui também estranhamos o silêncio da U.A., destinava-se a galardoar o melhor trabalho literário inédito na modalidade de ensaio histórico, como tema livre, mas circunscrito ao período da Idade Moderna.


Naturalmente, que a Pandemia, e as fragilidades financeiras de algumas Câmaras, e Vila Real de Santo António se calhar está nesta situação, obriga a que os municípios tenham muitas vezes que fazer opções de certo modo duras, dramáticas, na defesa e interesses da economia do concelho e nas necessidades mais prementes das populações, pondo para trás, certamente com alguma emoção, um prémio prestigiante, em memória de um dos nossos maiores, o Prof. António Rosa Mendes.


Importa sublinhar que o painel de jurados era constituído por: Prof. Doutor Joaquim Romero de Magalhães (Universidade de Coimbra); Prof. Doutor Esteves Pereira (Universidade Nova de Lisboa); Prof. Doutor José Eduardo Horta Correia (Universidade do Algarve); Prof. Doutor Luís Filipe Oliveira (Universidade do Algarve); e Arq. José Carlos Barros (Assembleia Municipal de Vila Real de Santo António), o que comprova inequivocamente do prémio.


E é aqui, porque como diz o Vítor Aleixo, “Acreditamos que a Cultura é uma ferramenta que nos pode construir a todos nós de uma forma muito mais humana”, que a própria Direcção Regional de Cultura do Algarve, em diálogo com a Universidade do Algarve e da própria Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, poderiam retomar o concurso, solicitando em último recurso a intervenção e ajuda do Ministério da Cultura.


Claro que a Pandemia é tão erosiva, que até foi minguando, também no Algarve, o que se chamava da Lei do Mecenato, que alimentava projectos culturais, porque em contramão, corremos o risco de fazer sobreviver Maria Veleda e ignorar António Rosa Mendes, que não sendo claramente um absurdo, é um acto de má gestão cultural, levando-nos como diria Teixeira Gomes, em busca de folhas de videira para nos cobrirmos.


Mas voltemos a Loulé, e neste caso ao Prémio brilhantemente conquistado por Mário de Carvalho, e que se torna mais brilhante, porque desde que o mesmo foi instituído, já residem na galeria de honra, o que também nos honra, as figuras de José Tolentino Mendonça (2016), Rui Cardoso Martins (2017), Mário Cláudio (2018) e Pedro Mexia (2019). Aliás, ao contrário de uma certa cultura, que parece que vai, mas não vai, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé, não se escondeu atrás dos louros do passado ou do tempo que corre, e deixou responsabilidades para o futuro, quando afirmou: “o Prémio veio para ficar”.


Este Grande Prémio de Literatura, tem a parceria da Câmara Municipal de Loulé com a Associação Portuguesa de Escritores, duas entidades de elevado prestígio, que tudo têm feito para notabilizar cada vez mais o acontecimento, fazendo da cultura uma ferramenta cada vez mais humana, e de igual modo, prestigiante para o Concelho e o próprio Algarve.


Por imperativo do Covid 19, ficámos em casa, até porque havia limitações em relação ao espaço público a ocupar, e sentimos pena da nossa ausência, todavia, roubámos algumas linhas à nota de imprensa da CML, que nos foi enviada, e registamos aqui mais alguns salpicos de um fim de tarde maravilhosa, onde a voz da cultura surgiu limpa e cristalina.

Mário de Carvalho ao centro mostra o galardão atribuído, ladeado por Manuel Mendes, Presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores e por Vítor Aleixo, Presidente da Câmara
Municipal de Loulé

“Este prémio representou para mim um clarão súbito de alegria e também de esperança por significar que valeu a pena enveredar um dia por estes caminhos”, afirmou Mário de Carvalho


“Surpreendido com esta distinção, Mário de Carvalho sublinhou neste momento de consagração: “Este prémio representou para mim um clarão súbito de alegria e também de esperança por significar que valeu a pena enveredar um dia por estes caminhos”. Um livro que retrata “coisas do dia-a-dia, dos jornais, calhandrices, relances do tempo que passa, o que se ia ouvindo aqui e além, como aquela jovem personagem que escutava os piratas, escondido na barrica das maçãs do navio”.
Numa intervenção em que abordou o seu trabalho desde que, em 1981, lançou o seu primeiro livro, “Contos da Sétima Esfera”, Mário de Carvalho falou também de uma importante referência na sua escrita, “António Aleixo, o genial improvisador, esse grande poeta popular que faz parte da minha formação”.

“Fomos sensíveis à sua mestria”, disse Carlos Albino, com o porta-voz do júri


Carlos Albino Guerreiro, na qualidade de porta-voz do júri que integrou ainda José Cândido D’Oliveira Martins e Paula Mendes Coelho, elencou as razões pelas quais foi decidida por unanimidade a atribuição do prémio a esta obra, de entre as mais de 30 a concurso. “Desde logo pela qualidade das crónicas que a compõem. Nelas, Mário de Carvalho conjuga algumas das suas melhores qualidades como ficcionista, contista, cronista, mestre da ironia, um dos escritores que melhor domina o léxico e a semântica da língua portuguesa, pensador atento da vida, da atualidade, da política. Fomos sensíveis à sua mestria”.

“O prémio foi entregue a grande escritor português”, referiu José Manuel Mendes, Presidente da Associação Portuguesa de Escritores


Por seu turno, José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores, instituição cinquentenária parceira do Município de Loulé nesta iniciativa, sublinhou as qualidades do premiado. “O prémio foi entregue a um grande escritor português, um dos escritores maiores do nosso tempo. Autor que se renova de livro para livro, não apenas nos géneros, mas nos próprios procedimentos de escrita”.


Este responsável relembrou os objetivos desta iniciativa que passam pelo “reconhecimento do trabalho que é feito a partir da Comunicação Social escrita ou mesmo até oral, por vários autores que têm na crónica, um género com larga tradição no nosso país desde tempos quase imemoriais e, nesse reconhecimento, afirmar também o incentivo para que as crónicas que andam dispersas pelos jornais e revistas possam ser reunidas em volume, retrabalhadas e republicadas”. Neste âmbito salientou o facto deste ser já o “Grande Prémio de referência à escala do país” no que toca ao género crónica.

Neto Gomes

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