Remate certeiro: Eu também tenho um amigo pescador!

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“Não está provado que seja eficaz utilizar desinfetantes em grandes superfícies, como ruas, mas pelo contrário não terá grande eficácia sob o vírus. Aliás, numa grande superfície, como estradas, ruas ou passeios, a probabilidade de lá existir este tipo de vírus é pequena, dado o tipo de transmissão que, teria, de passar de uma pessoa infetada para o solo”, afirmou na semana passada Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, numa conferência de imprensa relativa à pandemia da covid-19. 


É aqui que se abre um novo debate, ainda que a ideia chave, em nossa opinião, tenha a ver com a confiança que nos merece o Serviço Nacional de Saúde, e é nele que devemos confiar.


Todavia, parece que cai por terra o desinfetar das solas dos sapatos/sapatilhas/chinelos ou a solas dos pés – para os que andam descalços na rua, – quando chegamos a casa, mas continua a valer as lavagens das mãos, pelo menos até novas ordens…

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Mas o pior é que estas coisas não são ditas, nem alimentadas, com o ar sério que costumamos ver, por zés ninguéns, ou pelo zé dos anzóis e muito menos com cabimento das partes do Zé Aranha, antes pelo contrário, é dito e redito, e por vezes mal dito, pelo que de controverso acarreta, por académicos, sobretudo gente da ciência, cientistas, que certamente, na urgência de encontrarem as mais positivas e fundamentais respostas para o combate ao covid – 19, acabam por desesperar a população, que às vezes, perante tanta, tamanha e contrastante informação, acaba por baixar a guarda.


Mas a grande alavanca das nossas dúvidas, assenta naquilo que confunde a maioria dos portugueses, não apenas os que por vezes são rotulados como gente menos esclarecida, mas também por muitos que diariamente são autenticamente esmagados pelo contrário da informação ou seja, no que hoje é dito como verdade e no outro dia é dito como mentira.


E senão, reparem no caso das máscaras, e por agora não nos estamos a referir ao põe/tira, mas aos milhões que foram compradas por aquele senhor que era das farmácias e que agora estão encalhadas no cais da validação…


Mas aqui, também é preciso entender, o que é que alimenta as linhas editorias da imprensa mais lida, mais vista e mais escutada. Reparem, que não entrei pelo habitual critério da «grande imprensa», porque é essa a retórica que nos assalta a todo o instante, que nos leva a pôr de lado, o tal rótulo de «grande».


É que quem está no outro lado da imagem, da escrita, da voz – os directos então, são quase sempre um salve-se quem puder, uma espécie e salve de conduto para a garantia do trabalho, porque a ordem que trazem das redações, até tem dias, que nada tem a ver, com excepção à pontuação, sobre o que aprenderam na Universidade ou em posteriores centros de formação.


E por isso, não sentem, e se calhar até têm alguns exemplos em casa, ou perto, que quem os lê, os vê ou os escuta, são conseguem suportar e muito menos acumular tanta informação, pelo confuso e falso que transporta, mas também devido ao seu estado de isolamento, pobreza, fome, sem emprego, sem pão, numa profunda solidão, que já não roça a casa dos mais pobres, mas também daqueles que num repente ficaram pobres…

Uma imagem de Quarteira no verão e a colocação dos toldos


Depois e perante tão duvidosa e constante informação, como podem reagir o amplo ciclo de empresários ligados ao sector do turismo, que diante de tanta proibição, confinamento, higienização, devem estar completamente meio passados, e sem coragem, ou astucia, por maior que sejam a experiência, para transmitirem a necessária confiança aos clientes. Sim, pois o sector só renasce, se existir confiança entre os clientes.


Ao longo de várias semanas, neste espaço, temos dado conta sobre o que pensamos de António Costa e da confiança que nos transmite, embora por vezes também exista o nosso desacordo, porque a vida é feita de opiniões.


De igual modo, para que não fiquem equívocos, a nossa visão também é positiva sobre as soberbas qualidades de Mário Centeno, como Ministros das Finanças, isto para acentuarmos, que em nossa opinião, o Governo de António Costa tem residido à volta de Primeiro-Ministro e de mais meia dúzia de Ministérios: Finanças, Economia, Educação, Saúde, Infraestruturas e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. E chegam? Pelo que vimos parece que sim.


Claro, que discordamos da forma, e foram várias as que ouvimos, como se irá fazer a gestão das praias. Para já temos que aguardar que abram as sombrinhas, e rezando para que os semáforos não fiquem constantemente avariados.


Mas voltemos à Directora Geral de Saúde, até porque percebemos que alguns produtos que são utilizados podem ter efeitos negativos não só no ambiente, daí da sustentação da mesma, quando diz:
“Contra a higienização da via pública não temos nada contra”, afirmando ainda «que a desinfeção de superfícies, como mesas, armários ou equipamentos, onde o vírus possa existir em grandes quantidades é indicada e não tem efeitos contraindicado”, para depois voltar à questão tão pertinente como os espaços exteriores citando a OMS – Organização Mundial de Saúde:
“A pulverização ou fumigação de espaços exteriores, como ruas ou mercados, não é recomendada para destruir o novo coronavírus ou outros agentes patogénicos porque é inativada pela sujidade”.


Portanto, a pandemia é algo que vamos ter muitas dificuldades em conviver, porque a voz daqueles em quem devemos confiar, alguma imprensa, também vem por vezes pouca clara, porque por mais vontade que exista, ninguém conhece bem este demónio, por isso, aconselhava-se, uma informação mais cuidada, porque ainda apor cima, esta muda a cada instante, isto é, na tal verdade e na tal mentira. E por vezes até julgamos, que isto já aconteceu há muito tempo.


Há muitos anos e a respeito da informação que chega sem nos apercebermos, o que era de ontem e o que é de agora, guardo, uma montanha de coisas que me aconteceram quer em termos profissionais ou não, e vou apenas sublinhar duas:
A primeira estava eu na tropa em Tavira e na outra já como jornalista, numa altura, em que também colabora com o Rádio Clube de Loulé.


Na tropa, fui durante algum tempo o responsável pela Rádio Cismi, que era a rádio do quartel. Estávamos então em 1966, cuja função se prolongou por bastante tempo.


Mas em 1966, ainda estando na recruta, mas já lá andava, e na hora do almoço, com a pressa e a necessidade de me desembaraçar, para ir almoçar e formar às duas da tarde, (quando depois ser substituído pelo instruendo Pina, que diga-se que nunca passou de Cabo Miliciano, porque andava sempre desenfiado, e foi acumulando certidões de «óbito»).


Pois nesse dia, mal tocou para o fim da instrução, num salto cheguei ao primeiro andar, à radio, que era ao lado da Sala de Oficiais, e mal chegado pus a rodar Os gatos negros, abrindo a seguir a gaveta onde guardávamos as notícias, porque vinha ai o noticiário. De repente, peguei em meia dúzia de notícias, e sem mais nem menos, comecei a ler após a habitual saudação: lutar sem fé na vitória é escolher a derrota:
«Noticias» – disse eu, e comecei: «Foi ontem inaugurado em Moçambique para alegria das populações e para o seu desenvolvimento, com a presença das mais altas individualidades, militares, civis e religiosas, um novo ferry boat».


Quando me preparava para dar voz a outra música, ouvi a do telefonista. Importa lembrar, que sempre que o telefonista chamava alguém, cortava a Rádio Cismi. Dizia então o telefonista: «Chamam ao gabinete do nosso comandante, Senhor Major Castro Sousa, o instruendo de serviço à Rádio Cismi.


Lá fui em passo de corrida. O soldado que estava à porta avisou o senhor comandante e eu lá entrei.
Fiz-lhe as honras militares a que tinha direito e pouco depois perguntou-me: – «Pode fazer o favor de me informar onde recolheu a notícia que acabou de dar sobre a inauguração de um Ferry Boat em Moçambique!»


Nada engasgado, porque nunca fui moço de me engasgar, mas olhando bem para cima, pois o senhor Major tinha quase dois metros de altura e eu um metro e sessenta e cinco, e respondi: «Sim senhor meu comandante, mas tem que me permitir, que regresse à Rádio para trazer.»


Passado alguns segundos, estava outra vez diante do Major Castro Sousa, e ele a ler a informação que lhe tinha entregue, ou seja, uma notícia que tinha vindo da ANI – Agência Nacional de Informação.


Leu, leu, olhou para mim e disse-me: «Importa-se de ler a data [Major Castro Sousa, apesar de militarista era um homem muito educado]. Li, e vi que a notícia, tinha dois meses de atraso.
«Peço desculpa a Vossa Senhoria Meu Comandante, mas como estava à pressa não reparei na data»
O senhor Major Castro Sousa, olhou para mim e disse-me: «Sabe o que meu deu mais curiosidade sobre esta notícia, é que eu estive nesta inauguração.»


De facto, assim era, porque logo em Janeiro, o Comandante do CISMI, era o Major Cardeira da Silva, e o Major Castro Sousa, chegaria alguns dias depois…


Também no Rádio Clube de Loulé, eu fazia o noticiário das sete da manhã, mas tinha que ir buscar junto ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, onde residia a irmã do Engenheiro Arraiado, para ambos lermos as notícias.


O noticiário era alimentado pelo telex e por alguma coisa que ficava do dia anterior, mas nesse dia tivemos duas contrariedades, a senhora da limpeza varreu tudo e o telex avariou, mas não nos calámos.


Fui as uns restos do lixo e as notícias aconteceram. Claro, que no dia seguinte recebemos alguns telefonemas e até a Câmara de Loulé, que apoiava a Rádio, mas que tinha no saudoso e amigo José António Guerreiro Cavaco, o seu grande mentor, apresentou o seu protesto, pois no dia anterior tinham lá deixado boa matéria noticiosa, mas a senhora da limpeza «arquivou tudo»…


Este é um bocado da informação que nos chega ou não nos chega sobre o coronavírus, e num momento em que existem uma mão cheia de aberturas para a recuperação da nossa economia, espero que leiam notícias actuais, sérias, que não nos traga mais confusão, porque existem empresas a passar mal e a restauração vive profundos dias de amargura. Depois, com tanto segurança e tanto nadado salvador, espero que exista um cantinho de areia e meio litro de água, para me pôr de molho.


Gostei daquele ziguezague do Professor Marcelo e daquela fuga para frente para dar um mergulho, dando soberbas provas, que é capaz de nos ensinar a furar esquemas, pois com aquele seu jeito muito único de nos falar sobre o facto de ter amigos pescadores e dar um salto para a chata e outro para a água, fez-me acreditar que ao Professor Marcelo “entrou água na casa da máquina”…, mas que eu também tenho um amigo pescador!

Neto Gomes

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