Hoje não me apetece escrever…
«Mano! E quando foram buscar aquele empregado de mesa à cova, para nos servir?»
Estávamos na Costa do Sauipe, Brasil, nos teus cinquenta anos, e eu apanhei um grande encharcamento, e para não me despedirem do grupo, pediram-me, já em pleno aeroporto, no Recife, para tomar conta das malas, para que vocês: Tu, a Luísa, a Beatriz e a Flitos, fossem correr as montras.
Quando chegaram ficaram espantados pelo facto de (Je) estar a dormir, e começaram a contagem das malas procurando saber se faltava alguma, mas esqueceram-se de ver que aqui o (Je) tinha atado todas as malas à perna…
Hoje não me apetece escrever. Escrevam vocês…
É isso MANO VELHO…
Os murmúrios são tão ensurdecedores na minha cabeça pelas notícias que me chegam, pelos dramas e angústias que me assaltam e que assaltam em desespero alguns dos meus amigos de peito, os chamados MANOS VELHOS, que até tenho a pele tisnada e comichão por todo o corpo.
Hoje não me apetece escrever. Escrevam vocês…
E nesta hora, em que não me apetece escrever, por ter todo o meu pensamento preso ao MANO VELHO, quero lá saber se a crise é da direita, da esquerda ou do centro.
Quero lá saber se a Directora Geral de Saúde diz uma coisa e o secretário de estado diz outra.
Eu quero lá saber se o Correio da Manhã escreve que as vacinas para a malta da minha idade, a terceira dose, têm que ser dadas até ao Natal e que o Público, leia-se jornal, diz que vão ser dadas no começo de 2022.
Eu quero lá saber se o PCP e o BE estremecem e protestam porque o PS, o quer é a maioria absoluta.
O que me importa a mim, agora, nesta hora, neste tempo que parece que se escapa de mim como enguias, é se está tudo bem com o meu MANO VELHO, se o vazar e encher dos seus pulmões é menos apressado, e se tranquilo descansa para a total recuperação.
Já sei que o caminho vai ser longo, mas também sei que a medicina e o pessoal do Hospital de Faro, estão em cima do acontecimento, como aliás, têm estado em todos os momentos da sua história e já lá vão quarenta e dois anos [1979-2021].
Eu quero lá saber se o Senhor Vice-Almirante das vacinas, que até deixou o sistema, vai substituir o Fernando Santos, o engenheiro da queda da Selecção Nacional, como novo seleccionador nacional. Querem ver, que lá vai o meu amigo João Lã, grumete, a jogar a guarda-redes…
Eu quero lá saber se o orçamento do estado impediu o perdão à CP, quando afinal somos nós, contribuintes, que vamos pagar o perdão da CP, porque o dinheiro sai do Estado. Sai de nós…
Eu quero lá saber se a TAP começa a ter boas receitas, porque também ninguém me explicou sobre as despesas.
Eu quero é que o meu MANO VELHO, com quem fumei mil «charutadas», saboreamos umas boas copofonias, viajámos por quase todos os continentes, e que um dia, no Aeroporto de Madrid, só não fomos presos porque não calhou, mas eu explico:
A meio da madrugada tínhamos chegado da República Dominicana, onde dois dias antes, em Santo Domingo, tínhamos gastado uma fortuna, só em tapas, Jamón, vinho tinto e olivas.
Chegados a Madrid. Mais mortos que vivos, com viagem programada para Portugal, às 09.00h, procurámos adormecer, mas em vão, porque às 07.00, devido a obras que decorriam no interior do Aeroporto, o barulho era ensurdecedor. Qual dormir. Mais parecia que tínhamos acabado de chegar ao Iraque.
Num repete elevo-me ao ponto mais alto de um dos bancos e com a característica voz de speaker e num castelhano, como se fala em Vila Real de Santo António depois de almoço, gritei: «Por favor. Parem as obras. Queremos dormir».
Mas a sonorização das obras ficou mais forte e eu voltei a reagir, mas sem pedir por favor:
«Parem esta merda. Eu sou da ETA e se não param…»
E como lençóis de veludo a correr pela cama apenas feita para amar, assim correu o silêncio e lá dormimos, até bem perto da hora de embarque.
MANO VELHO. Por favor, não gozes com isto. Logo agora que tínhamos preparado a prometida estupeta e as peles de atum guisadas, resolves ir estagiar para o Hospital de Faro.
Hoje não me apetece escrever. Escrevam vocês…
Quero lá saber se o Rui Rio, não quer nada com o Chega – eu também não quero -, ou se o Rangel não tem perfil para primeiro-ministro. Eu também não tenho.
Quero lá saber se a Selecção Nacional perdeu por culpa de Fernando Santos. Comigo não teria perdido, porque eu dizia aos jogadores, para que jogassem aquilo que pudessem…
Quero lá saber se a mensagem de Fernando Santos não chegou aos jogadores. Se calhar utilizou o velho sistema de pombos correios.
O que eu quero é que o meu MANO VELHO regresse a casa. Ao convívio da malta que o ama e estima.
Ao convívio das canções de Carlos Gardel, com um bom copo de vinho tinto a corre pelas goelas, e umas olivas e Jamón…
O Covid não perdoa e já estamos outra vez na placa giratória do regresso às restrições
Ora, ora, é melhor estarmos a vinho, que a soro, por isso existem coisas que eu quero saber, mas não consigo compreender, ou seja, por que motivo estamos outra vez à beira de cairmos na placa giratória, que nos põe e nos tira, sob o cutelo dos incríveis números de covid 19, que começam a preocupar as nossas vidas.
Aqui creio, que não entenderam, nem o sistema, nem os sinais deixados pelo Senhor Vice-Almirante Gouveia e Melo. Com ele, não havia a rédea curta que se esticou outra vez, no que se refere ao tremendo número de especialistas, como quem se escapa das trincheiras e procura surpreender um inimigo que só está dentro das suas cabeças.
Esta gente não entende o esforço dos profissionais de saúde, não apenas de médicos e enfermeiros, mas de igual modo dos responsáveis clínicos e hospitalares, que não têm mãos a medir.
Vejam os exemplos que nos chegam da Áustria e da Alemanha, no que se refere aos que recusam a vacina, mas logo de assalto aos canais de televisão e rádio, aparecem mais uns inteligentes. Não inteligentes da tauromaquia, que são os directores das corridas, a evocar questões de leis, direitos, e outros defeitos que por uns quantos, penalizam os que procuram andar direitinhos e viver mais uns quantos anos.
É por isso, que quando me falam em programas de televisão, o meu Canal MEO, só me dá escuridão, nem funciona, porque a MEO é arrasadora para os seus clientes, e por isso eu ligo logo para o Canal Panda, para ver se consigo que a Patrulha Pata, me resolva o problema, dos constantes cortes da internet e da televisão, o que me têm levado a gastos desnecessários nos dados móveis.
São uns cretinos e mentirosos, e é dessas cretinices que eu quero saber, desta malta sem rosto, que nos entra pela casa adentro, e mesmo com contas em dia, apagam tudo. Leva-nos ao escuro, como o fascismo fazia.
Não! Hoje não me apetece escrever. Escrevam vocês.
O que eu quero é que o meu MANO VELHO, que está no Hospital de Faro e tem sido bem tratado, regresse a casa, para que possamos voltar a rir às gargalhadas, com as minhas partes, as partes do meu Manel, os péssimos jogos do Benfica…
E como se diz na minha vila: «vai-te mas é fazer um xalavar de…»
Não! Não me apetecer escrever o resto, não me apetece escrever mais nada. Escrevam vocês. EU QUERO É RAPIDAMENTE ABRAÇAR O MEU MANO VELHO… UM DOS MEUS MANOS VELHOS.
Não me apetece escrever. Escrevam vocês!…
Mano! E quando foram buscar aquele empregado de mesa à cova, para nos servir?
Neto Gomes