Mano Velho, parte 2… E o regresso de todos os medos
E o que é o almoço? Perguntei.
-Vamos à casa dos Limas, que são gente boa.
Claro, mas eu com vocês até como no poial da porta. Mas, ó Mano Velho, insisti, e o que é almoço?
Olha Neto. A entrada é estupeta. O prato principal é estupeta e a fruta é estupeta…
Nada a fazer. A ementa era fantástica. O restaurante não seria um dos tais de muitas estrelas Michelin, porque aqui as estrelas eramos nós e o restaurante, mal ou bem, a casa dos Limas, não tendo estrelas Michelin, tinhas estrelas Mabor, que era os nossos pneus, dentro em pouco mais cheios ao sabor da estupeta, que como já escrevi muitíssimas vezes, sempre era matar saudades do meu biberão…
Um dia eu, o Mano Velho, a minha Maria, a Luísa do Mano Velho, o Quim e a sua espanholita, rumámos à República Dominicana.
Momentos de enorme encantamento cruzados por coisas incríveis.
O empreendimento tinha vários restaurantes, que identificavam a gastronomia e os sabores de vários países.
E eu que gostava mais de tomar as refeições no barbecue, quando o Mano Velho me disse que íamos experimentar um restaurante grego, respondi:
-mano Velho, sou vou se o restaurante tiver olivas.
Para mim jantar, nessas ocasiões, bastava ter um bocado de frango, um pouco de jamón, um pouco de panito, um daqueles queijos fedorentos, umas cervejitas e muitas olivas.
-Neto!, disse o Mano Velho – olha que a comida grega é muito boa e variada.
-Meio variado já estou eu!, exclamei.
Chegados à porta de entrada, o Quim e a espanholita, que viviam no País Basco, adiantaram-se como tradutores, mas o Mano Velho, formou barreira e disse: – Calma o Neto fala, que ele é bom em castelhano.
Aí chegados o controlador das entradas no restaurante, mal nos viu disse:
-Buenas noches. Em que habitacion estão ustendes?
Eu respondi – Nosotros estamos na habitação de D. Onassis
-Cual? O Grego?, questionou o controlador.
-Claro. Ustede conhece outro? (Nesta altura a Luísa e o casal espanholito, riam perdidos por causa do Onassis…)
-Non! No lo conozco…
Antes de entrarmos, o Mano Velho perguntou:
-Ustede tene olivas?
-Sim, duas. La camarera ali el fundo, mui guapa e la rubia, que está mas adelante.
-O Mano Velho, insistiu: Olivas!!! Azeitonas!!!
Sem ouvir a resposta, o Mano Velho, pediu licença, entrou e lá foi até ao grande expositor onde se espalhavam os comes.
Dois ou três minutos depois responde:
Neto. Estes gajos não têm olivas, mas está aqui um camareiro que diz, que é capaz de arranjar para ti um pratito delas.
Lá entrámos, escolhemos a nossa mesa e lá fomos direitos ao expositor.
O Mano Velho nessas viagens é um bom garfo e gosta de um bom vinho, mesmo que não esteja incluído no preço.
Não interessava se pagássemos duro, como nos tinha acontecido, dois dias antes, quando fomos a Santo Domingo.
Comemos bem. Rimos muito, não faltaram as olivas. O grupo bebeu bom vinho e eu repeti as cervejitas e acabámos meio gregos…
Após o jantar lá fomos para o salão tão aberto e arejada como as nossas traineiras enfrentava a alcatifa ondulado dos mares de Marrocos, beber o nosso digestivo e fumar um charuto Davidoff, mas não eram dos marados, pelo menos dentro da caixa estavam com bom aspecto.
Mas na primeira fumaça, o cheiro produzido parecia o da aberta da carroça.
Lembras-te Mano Velho da aberta da carroça…
Na mesa ao lado, um casal de meia-idade, mais uns palmos, tinha acabado de tomar o seu chá frio e a senhora procurava colocar os óculos para começar a ler um jornal.
Ela bem tentava, se calhar os óculos eram do companheiro, mas escorregavam. Ela tinha um rosto bonito, mas um nariz pequenino. Insistia, insistia e nada.
Levantei-me e disse à senhora para apertar um pouco as armações. Com gestos e com a ajuda da minha Maria, que a senhora era alemã, lá conseguimos…
Nova fumaça e o Mano Velho a dizer:
Boa ideia Neto. Ela tem a penca muito pequena.
A noite navegava e ao nosso lado, a senhora continuava a ler o jornal…
E quando nos tínhamos acabado de nos deliciar com mais uma fumaça, (qual chaminé do Parody), já apostava que o Davidoff era marado, pois agora parecia ter um cheiro incrível, ou então era uma mistura de cheiros vindos dos diferentes restaurantes. Talvez não, porque este cheiro de agora era mais gaseado e o Mano Velho perguntou:
-Neto! que cheiro é este mó?
E eu respondi:
A nossa vizinha do lado, de vez em quando se ajeita no sofá. Devem ser gases.
A gargalhada foi geral entre nós e de tal forma, que rapidamente contagiou uma boa meia dúzia de mesas.
No dia seguinte, antes do almoço no barbecue, que se colava quase com o pequeno-almoço, e que se situava junto à piscina e à praia fomos fazer actividade física e jogar voleibol.
O animador rapidamente nos integrou no grupo. E mal começou o jogo, fiz a primeira recepção com uma grande defesa à Bento. Não é o Bento Chibo.
O Bento que jogava a guarda-redes do Benfica e da Selecção Nacional. E quando caí na areia, com a bola bem presa às mãos, ficando com a sensação quer tinha descido do céu, o animador gritou e fê-lo de tal forma, que até parecia que algum se estava a afogar.
-Senhoras e Senhores. Acaba de chegar à praia mais um louco!
Mano Velho olhou para mim a rir às gargalhadas e disse:
-Moço! Só dás barraca…
Não se organizem não. Câmara de Loulé dá o exemplo
Sabemos que se começa outra vez a esburacar em busca do sistema perdido, e ainda que louvemos a última reunião do Infarmed, naquilo que as televisões nos puderam mostrar, mais parecia estarmos a assistir a um debate na AR, em que cada um diz a sua coisa. E que coisa… Para a MALTA, mal preparada como eu, basta uma voz informativa para nos sossegar.
Depois misturar as posições assumidas pelo Governo, como medidas a implementar, com os protestos que justamente se acendem a partir de bares, discotecas e seus derivados, pode trazer transtornos ao sistema. Claro que a vida custa a todos, mas custa muito mais aos que morrem.
Entretanto, face ao rigor do inverno, a Câmara Municipal de Loulé, melhorou as condições dos utentes no centro de vacinação, pois o que estava instalado respondia melhor ao período de verão.
Quer queiramos, quer não, vacinar poder ser a diferença, entre morrer e viver, mas atenção que a falta de vacinas, com pessoas que se deslocam aos centros de vacinação, algumas incapacidades no que se refere à mobilidade, e que são confrontadas com a falta de vacinas são dificuldades acrescidas, que urge resolver, diga-se, um pouco por todo o País.
Depois chegamos à rua ninguém usa máscara. Nos supermercados as pessoas parecem que estão nos carrinhos de choque, encalhando umas com as outras.
Este afinal, é o regresso de todos os medos…
Neto Gomes