Remate certeiro: o perdão da corrupção

O perdão da corrupção leva-os a fazer fila no confessionário do Centro Cultural de Belém

Segundo a capa do Público, de 29 de Abril, O Governo quer alargar perdão de penas a quem confessar corrupção.


Estou mesmo a ver, que vão ter que utilizar todo o espaço do Centro Cultural de Belém como confessionário e se calhar montar outra logística, que permita a instalação de algumas tendas, tipo hospital de campanha, para atender aos primeiros socorros.


Não aprofundei muito as medidas, porque são coisas que ainda estão na incubadora dos especialistas e do Ministério da Justiça, e eu de justiça só tenho a experiência de ter trabalhado com o solicitador José Cândido Monteiro, tinha eu para aí 13 anos e ganhava um queijo de marmelada por mês.


Mesmo assim, em plena sala do tribunal, ainda assisti a uma cena maravilhosa, a uso da Vila, quando juiz, naquela altura um juiz era um senhor, pediu para que se levantasse o réu, e alguém, que estava entre o público, gritou: O Réu trabalha na Fábrica Folque. Por acaso ainda era meu parente, primo da minha saudosa mãe, e o termo réu, era uma alcunha.

Isto da corrupção não é uma coisa fácil, até penso, que são coisas de fantasmas, porque nunca se descobre que é o corrupto e quem é o corruptor. Mais azar do que isso, é um individuo estar no alto mar, cair do barco e não acertar com a água. Coices que a vida nos dá…

Com tantos anos de corrupção, quem sabe, se o Centro Cultural de Belém será o espaço ideal como confessionário dos perdões

Adiado o meu regresso às lãs


Peço-vos desculpas mas ainda não consegui encontrar o desenho do tapete de arraiolos que queria começar, como vos dei conta na semana passada, no final do meu último Remate Certeiro.


É que de vez em quando tenho os netos aqui em casa e a mais pequenina, a Sofia, mexe e remexe em tudo, e começa a ter a escola do meu Manel, de tal forma que no outro dia o apanhei a fazer aviões de papel, [fui eu que lhe ensinei], e não me admira, que ele não tenha explicado à Sofia como se fazem aviões de papel, o que acabei por descobrir, mas tarde, mas eu explico melhor.


Naquela manhã, abri a janela para renovar o ambiente, seguindo as instruções da Direcção Geral de Saúde, e ouvi uma senhora fazer um aí de espanto. Espanto assustadíssimo.


Creio que a senhora deveria ter saído do cabeleireiro, coitada farta de estar em casa, mal anunciaram a abertura dos ditos….


Então resolveu fazer aquele penteado, cabelo todo enrolado, tipo ninho de pássaro ao contrário, e assomei-me à janela e vi espetado no cabelo da senhora, o meu desenho de arraiolos, transformado em avião. Ufff. Nem disse, nem aí, nem ui, mas a senhora além do susto, talvez para não se despentear, nem jogou a mão à cabeça, e lá foi ela, toda toque taque a dar de anca, e que ancas, sem se aperceber que num repente mais parecia a pista de aterragem do aeródromo de Alvôr…


Só hoje, de manhã, porque o desenho tinha o nome da sogra da minha tia, bateram à porta, e lá fui receptor do avião, isto é do desenho e ainda perguntei à senhora, mas que senhora: Onde é que encontrou esta folhinha que há semanas que a procurava?. Olhe aterrada no meu penteado.


Ela era tão bonita, que até me apetece dizer-lhe: – Só quero que me deixe olhar para si… Senti pena, como é que uma rapariga tão bonita, que transportava consigo em cada movimento mil gestos de beleza, dizia que um avião tinha aterrado no seu penteado. Depois agradeci, não fosse ela olhar para mim, e a confundir-me com o piloto do avião.


Creio ter explicado aos leitores, o motivo que me levou a não vos dar conta do meu regresso às lãs. Ficará para a próxima, se a minha Sofia não lhe apetecer ser maioritária na TAP, com tantos aviões ao seu alcance, pois o livro de arraiolos tem mais de 300 páginas…

O Camilo e a filha “Matilde” ou a greve dos sindicatos… aliás, em Odemira já está e ainda bem a PJ


Ele acordou meio desorientado, a boca sabia-lhe a lixa, como se estivesse levado a noite inteira a comer cascas de sapateiras fritas e ainda por cima fritas em azeite rançoso, porque o óleo tinha acabado.


Mas nem tudo teria corrido mal durante a noite, pelo menos no campo do amor, pois apesar do desequilíbrio das pulsações, desta vez aconteceu…


Eram oito da manhã e CAMILO ainda gritou para a mulher com os dentes a assobiar como o giz no taco do bilhar:

“Queridaaaaaaaa. Um, querida tão prolongado, que estávamos a ver, que batiam as quatro da tarde e ainda dizia:


queriddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddddaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, dá-me esta coisa por onde fazes xixi e ela sem receios ou tremeliques, entregou-lhe imediatamente o penico”


Um uffffffffffffffffffffffffffffff, saiu-lhe da boca, tão grande que embaciou todas as janelas, mesmo aquelas que não tinham vidraças. Mas claro, a desorientação era tão grande, que Camilo. camilo era o seu nome, que com humildade, pegando no penico, acrescentou: Matilde – então não tens um copo mais decente onde eu possa beber água…?


Convém recordar que enquanto criança, o pai nunca a tratou por Matilde, mas sim por “MANTILDE”, por que no dia em que ela nasceu, apanhou uma grande MANTA… Então ficou de “MANTILDE”…


Depois do grito do Camilo, ela nem lhe respondeu. Era tarde em relação ao horário de trabalho. Fazia as limpezas no Posto da Polícia e entrava às 09.00, quando todos os polícias saíam para fazer a ronda e a segurança pela Vila.


Aquela saída dela de casa para o posto, era tão rotineira, que a malta da noite, que ficava a beber copos, junto ao Café Monumental, gritava:

Oh Matilde. Vais dormir com o chefe? – e ela respondia

Não vou ver se a tua tia já está despachada. Ainda ontem foi encontrada com a cabeça entalada nas grades!.


Matilde, apesar de tudo, tinha saído de casa muito aborrecida, pois o seu Camilo, tantas vezes ofendido quando ela, o tratava por Camelo, tinha sido despedido na noite anterior, e até por uma coisa muito simples.


O Camilo chegou ao trabalho, eram quatro da manhã. Ia começar naquele dia pela primeira vez na Padaria do Senhor Pão Duro, e mal chegou à padaria, perguntou logo ao patrão:

Senhor Jaime. Depois quantos dias tenho de férias?

Vinte dias por ano!

Então, venho trabalhar daqui a vinte dias, pois aproveito e entro logo de férias.


Se o Camilo, não tivesse sido rápido, tinha levado com uma pá cheia de pães de dezassete que estavam a sair do forno.


Muito magoado com o patrão, porque apenas queria ir de férias, CAMILO, aqui armado em CAMELO, ainda foi ao Sindicato dos Padeiros, mas nesse dia o Sindicato estava em greve, MAS QUE AZAR PARA O CAMILO, LOGO O SINDICATO ESTAR EM GREVE… e a coisa morreu ali, à porta do Sindicato.

Uma imagem de saudade da histórica Pensão Mateus, em frente da qual, acabou a zaragata
com o Camilo


Por isso, MATILDE, sentiu todo esse desassossego do seu homem. Um homem às direitas, pois até fazia nesse dia 10 anos, que mexia pouco o braço esquerdo, desde que entrou, também com uma MANTA, numa zaragata que começou na venda do Zé Calceteiro e acabou em frente à Pensão Mateus, mas ficou tão amassado, que passou dois meses a contar pevides…

A propósito, fecho este REMATE CERTEIRO, citando Hillary Clinton:


«Não deixem que ninguém vos digam que grandes coisas não podem acontecer».

Neto Gomes

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