Remate certeiro: VOTEM, apesar do pânico que a capa do DN criou

VOTEM. VOTEM, apesar do pânico que a capa do DN criou na minha tia Matilde, com esta do «regime de Drive-Thru»

Depois de Vacinar, vacinar, vacinar, o apelo agora é de VOTAR, VOTAR, VOTAR, mesmo que este momento, de «mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», também tenha derrubado, uma das obrigações da Lei Eleitoral, o chamado dia de reflexão, que como se viu no derradeiro Domingo, era uma romaria de apelos e bandeiras no ar.

Filipe Madeira (PS)
Cristóvão Norte (PSD)


E se no que se refere ao quase defunto dia de reflexão, não temos volta a dar, no que diz respeito às vacinas, e levando isto, para a ironia como um dos lados bons da vida, apetece-nos contar uma história que nos aconteceu quando há 56 anos, chegámos às fileiras do exército português, e horas depois, um cabo enfermeiro, estava de agulha apontada tendo como alvo o meu braço esquerdo. Segundo depois, rasguei a minha timidez e tratando o Cabo, quase por Vossa Senhoria Meu Cabo, pode fazer o favor de me informar que vacina é esta?


E o meu superior, fazendo voz grossa, mas com olhar apressado para o braço seguinte, respondeu: – Esta vacina é para as doenças que já teve, para as que têm agora e para as que ainda poderá vir a ter…


Senti-me curado e com pena não me ter oferecido para a tropa como voluntário, pois se calhar ganharia alguns anos de vida.


Rebobinando este filme, ainda que a preto e branco, quando há uns quase três anos, chegou, primeiro em lume brando, e agora a modos de estar sentada ao colo de um vulcão, a fascinante e necessária série de vacinas cada uma com o seu nome, apeteceu-me de imediato reunir-me com alguns especialistas e dar-lhes conta da história da minha vacina militar.


Mas depois comecei a ouvir o que se passava no mundo e aqui junto à nossa casa, aqui na santa terrinha, e disse logo cá para mim: Creio que fui bem enganado no primeiro dia que chegue a Tavira, ao CISMI. Repito, às fileiras do exército português. Não ao exército do samba a que agora assistimos.


Vacinar, Vacinar, Vacinar, e não temos volta a dar, que é o único combate que se conhece, mas que também tem tramado malta muito querida, mesmo que qualquer dia tenhamos que jogar à raspadinha, para saber qual vai ser a próxima vacina que nos vai calhar, nesta combate ao CORONONA e seus derivados.


Nunca os laboratórios trabalharam tanto, para ver quem vence quem, mas não é esse combate laboratorial, apesar de todos os efeitos das vacinas, que vai mudar a minha filosofia partidária e ideológica, que nem sempre são a mesma coisa, porque quer queiramos quer não, quem manda na grande orquestra da vida, são os homens, que por vezes, tal como acontece com as apólices das companhias de seguro, existem letras tão pequeninas, que só valem a favor dos seus promotores…


E na hora de VOTAR, VOTAR, VOTAR, até existem letras bem pequeninas, na Constituição da República Portuguesa, muito difíceis de ler, e por isso tardiamente são cumpridas, e por isso, nem sempre, mesmo com o vento a soprar pelas costas atingimos o destino.


Como antes dei conta, fez aos 11 dias do mês primeiro, de 2022, 56 anos, que dobrámos os portões do CISMI – Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria, então aquartelado em Tavira. Agora só existe o Quartel /Edifício e as memórias. Belas memórias.


Coincidentemente, e em nome do VOTAR, VOTAR, VOTAR, num outro dia 11, de igual modo do mesmo mês primeiro, mas desta vez de 2022, o Jornal de Notícias, um centenário que é uma grande referência da nossa imprensa, tinha na primeira página um título que me causou pânico e não foi só a mim. Dizia, então o DN «Autarcas propõe mesas de voto só para infetados e regime Drive-Thru».

A Capa do DN e o regime «Drive-Thru» e o susto que a minha prima Bia apanhou


Ainda o jornal rolava pela impressora, já a minha prima Bia, 89 anos, que andou a aprender o ofício de costureira com o famoso e saudoso, louletano Álvaro Clemente, quando este abriu uma alfaiataria de vida curta, em Vila Real de Santo António, junto ao Hotel Guadiana, onde mais tarde, um bocado mais tarde, o saudoso Senhor Viana, pai do Sérgio Viana, abriu um restaurante, ele que foi grande Mestre na cozinha do Hotel Vasco da Gama.


Importa lembrar que mais tarde, o saudoso Álvaro Clemente voou para a Venezuela, então do Senhor Hugo Chaves, vestindo gente famoso como o próprio Chaves, Presidente da Venezuela e Kennedy, presidente da USA, o qual segundo dizem foi assassinado pelo senhor Osvado. Quem sabe que chutou a bala…


Mas voltemos à minha prima Bia, cujo marido, teve que fugir para França, à frente da PIDE, e por lá ficou, amontoando-se com uma argelina, que entrou em pânico, quando o sobrinho Asdrúbal, que compra o DN, desde os tempos que eram vendidos no Salão de Cabeleiro, do também saudoso Senhor Henrique, dando conta que iria aparecer um novo regime em Portugal, isto é, o «Regime Drive-Thru». Procurei acalma-la mas em vão, pois nas vezes que lhe falei que não seria possível, porque a Democracia era adulta e estava bem plantada, ouvi das boas. Nem vou repeti-las…


Tal como a minha prima Bia, eu também fiquei confuso, talvez o país mais letrado, tenha compreendido logo à primeira o título do DN, mas numa altura, em que somos cilindrados por uma mancha enorme de estrangeirismos, esta do Drive-Thru, fez Fernando Pessoa mudar-se na urna e pedir para mudar de jazigo.

Os meus calções brancos desenhados por Álvaro Clemente


Recordo-me que o Senhor Álvaro Clemente, com quem também andou a aprender a arte foi a minha irmã Lina, desenhou para mim uns lindos calções brancos para estrear na procissão da Nossa Senhora de Encarnação, Padroeira da minha terra.


No dia da inauguração dos calções bem se esforçou a minha irmã para eu ir bem aperaltado, mas nada sossegadinho, nos meus irreverentes cinco anos. Soquetes brancos, sapatinho a dar reflexo ao sol de Setembro…


Não sei que voltas e revoltas dei aos soquetes, que na hora de abalar para a procissão, mas mais disponível para dar ao dente no torrão de alicante, a minha irmã, agora a Maria, não encontrou o soquete, mas nada de desânimos, e de imediato pegou numa ligadura e enrolou-a à volta do meu pé, como se tivesse algum problema… e lá fui de mão dada, com os cordões meios soltos e a coxear por determinação da minha Maria, para que a ausência do soquete não desse nas vistas.


Ao chegar à Praça das riscas pretas e brancas, era assim que nós, moços chamávamos à Praça Marques de Pombal, a Menina Pepa, cunhada do Mestre Zé Branco, que era minha professora da escola paga. Paga só quando havia dinheiro, mal me viu falou e disse: Moço Manelito, que estás tão bonito. E que tens tu no pé, meu menino. E quando me preparava para contar a história verdadeira, a minha irmã, alteou a voz e contou a história dela… E lá fomos ver a procissão, o pau de cebo, as traineiras a apitar, a Maria Rosa até levava a Santa.


O Guadiana parecia um espelho onde assentava a mil traineiras. Há noite assistíamos aos foguetes. Da Minha casa, ali na Rua da Espanha, só se ouvia o estrondo e a cana a cair, o que já não era mau…


É esta a recordação que tenho dos calções desenhados e costurados, por um dos mais famosos alfaiates do Mundo, que em 2010 eu e o meu saudoso amigo António Rosa Mendes, biografamos no livro: Algarve 100 anos de República, 100 personalidades 1910-2010.

É preciso um novo POOC que salve o litoral algarvio. Qualquer dia
não temos areia nas praias


É um facto que os penaltis foram antecipados, mas desta vez mandámos o dia de reflexão às malvas


Dizia, o antigo e saudoso árbitro internacional Vítor Correia, isto num tempo nem a pandemia, nem votações eleitorais às prestações, que “Desde que vi um porco a andar de bicicleta, já acredito em tudo”, e isto, que queiramos quer não, tem a ver com o estranho voto antecipado, que passou ao lado dos eleitores, porque as eleições, não são como o Natal, que são sempre que um homem quiser. E disso toda a democracia se sentiu fragilizada, minguando o papel/ensaio do voto dos que estão isolados, pois foi uma decisão tardia e amadora, porque em politica, ainda não vale tudo, porque ela própria é cada vez menos discutida, porque antes havia diálogo, revolta, consenso e agora apenas um voz tudo decide.


É verdade que votar é um direito consignado na Constituição da República, mas também existem muitos outros direitos que por lá andam mas não conta para nada, não funcionam e por essas fragilidades da democracia e da Constituição que de quando em vez vamos para eleições, mas nada passa.


Votar é um direito e votar bem, é uma exigência democrática e moral, em nome da velha máxima, de que o voto é a arma do povo. E a liberdade de votar permite votar neste ou naquele partido. Permite votar em branco, permite inclusive o chamado voto nulo. Vote em consciência.


Nós não podemos esconder em que vamos votar, ainda o entusiasmo já não seja o mesmo, mas vou votar livremente e em consciência como sempre o fiz. E ainda em Liberdade.


Existe a liberdade de votar… Logo seja coerente… Mas vote… Se não votar, não terá moral para andar o tempo todo aos gritos: Não fazem nada. Só mastigam…


E se não for votar, não terá moral para que repetidamente, por que existe rapaziada na política, com graves problemas auditivos, e é preciso repetir várias vezes o que nos vai na alma, num coração cheio de verdades, até fazer estremecer as paredes de S. Bento.


VOTAR, VOTAR, VOTAR, mesmo que continuemos a sentir que são mais as ortigas que as flores, mas só podemos exigir um bom jardim. Atenção que não me estou a referir ao milionário Alberto João, se formos votar.


A situação actual do País é convidativa à abstenção devido à questão da pandemia, aos cidadãos que estão em isolamento, a juntar ao histórico de absentismo que têm sido as eleições em Portugal.


Urge dar uma abanão nessa apatia, nesse (não tenho nada a ver com isso), quando não podemos ignorar quão difícil, e quanto nos custou a liberdade, para podermos votar.


Votem e exijam o que vai faltando ao Algarve.


Votem e exijam um POOC sério, qualquer dia nem temos areia e a seguir o mar começa a galgar as casas.


VOTEM, com ou sem Drive-Thru. VOTEM porque deu um trabalho dos demónios o direito de votar.

PS: oh já me ia esquecendo. Depois do dia 30 peçam à BAZUCA, para nos ajudar a pôr fim à ganância do preço dos combustíveis.

Neto Gomes

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