RETALHOS DO MEU SENTIR: Arte algarvia no Novo Museu do Cairo

ouvir notícia

Por onde passo, os meu olhos detém-se constantemente nos retalhos, quer eles sejam de tecido, de cerâmica, de tinta ou de memórias.


Assim me aconteceu quando observei pela primeira vez o Cavalo Marinho da Avenida 5 de Outubro em Olhão, uma criação de Isa Fernandes que Alex Groza reveste com cerca de 5000 peças de cerâmica coladas sobre resina com fibra de vidro.


Nalguns concelhos do Algarve, a arte com recurso a cerâmica é bastante representativa, aproveitando o mote para aqui assinalar o primeiro ano sobre a partida do criador da Casa dos Oleiros, Jorge Mealha, que faleceu no dia 15 de janeiro de 2021.

- Publicidade -


De entre imensos trabalhos, recordo aqui nestes retalhos que este moçambicano de nascença e lacobrigense de coração, teve grande importância na cerâmica portuguesa, sendo autor de várias obras públicas, da qual destaco o painel de azulejos que reveste a ponte pedonal da Marina de Lagos.


Também em Lagos vive Xana, esse grande artista português que é co-autor da licenciatura em Artes Visuais na Universidade do Algarve, instituição onde é professor há quase duas décadas. O “pintor das cores compridas”, como o próprio se definiu uma vez, é o autor do painel de azulejos no Mercado Municipal da Avenida em Lagos.


Ao falar de artes plásticas em geral, e de ceramistas em particular, é imperioso referir um dos ceramistas portugueses mais relevantes desde o modernismo até aos anos 80: o portimonense Querubim Lapa, que integrou a fábrica de cerâmica Viúva Lamego ao lado de Cargaleiro.


A sua obra, resultante de uma criativa e inovadora simbiose entre pintura, escultura e azulejaria, está presente em inúmeras museus e edifícios, indicando a título de exemplo o Museu de Arte Moderna de Tóquio e dois painéis policromados na histórica Pastelaria Mexicana em Lisboa.


Igualmente natural de Portimão é o escultor Arlindo Arez que, no passado mês de dezembro, participou como orador e deixou uma escultura em cerâmica, na 1.ª Conferencia Mundial em Korat (Tailandia), onde existe o povoado Dan Kwian, com cerca de 10.000 habitantes,cuja profissão de, praticamente, todos é a olaria. De referir que, Arlindo Arez foi o organizador e comissário dos 6 simpósios internacionais de Portimão, dos quais resultaram mais de 30 esculturas em pedra que podem ser visíveis no passeio ribeirinho em Portimão e junto à Ria de Alvor. No ano transacto, recebeu uma distinção da Aliança Internacional de Simpósios de Escultura por ter arte pública em mais de 20 países não repetidos, dos quais destaco Coreia do Sul, China, Rússia e Egito.


E já em janeiro de 2022, Arlindo Arez vê um dos seus quadros exposto na World Art Fair, no Novo Museu das Civilizações no Cairo.


Deste modo, de retalho em retalho, de ladrilho em ladrilho, de obra em obra, vai sendo construída a representação do nosso Algarve na região, no país, na Europa e no Mundo.

Sara Gomes Brito

*Mestre em Literatura Comparada/ Pós Graduação em Multiculturas e Gestão de Relações Interculturais

- Publicidade -
spot_imgspot_img

Deixe um comentário

+Notícias

Exclusivos

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.