Chefe da diplomacia, Michèle Alliot-Marie, sai do Governo francês, acusada de relações perigosas com o antigo regime da Tunísia. Presidente Nicolas Sarkozy fala aos franceses esta noite.
As revoluções nos países árabes continuam a provocar rebuliços em França, onde o presidente, Nicolas Sarkozy, deverá anunciar esta noite uma remodelação governamental, a segunda em apenas três meses.
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Michèle Alliot-Marie, será a principal vítima da nova remodelação governamental em Paris: a 11 de Janeiro, propôs a ajuda da polícia francesa a Ben Ali para manter a ordem nas manifestações então em curso no país.
Antes disso, a ministra tinha passado as suas férias de Natal na Tunísia e viajado gratuitamente, duas vezes, num avião privado de “um amigo”, um homem de negócios próximo do antigo regime tunisino.
Com Michèle Alliot-Marie estavam, nessas férias, o seu companheiro, Patrick Ollier, ministro francês das Relações com o Parlamento, e os seus pais; estes últimos aproveitaram a estadia da filha – e ministra – para fazer negócios privados (compra de uma empresa) com “o amigo”, proprietário do avião em que todos viajaram e dos hotel em que toda a família ficou instalada.
Juppé novo homem forte do Governo
Segundo tudo indica, a remodelação governamental, a segunda em apenas três meses, será confirmada esta noite pelo Presidente, Nicolas Sarkozy.
Alliot-Marie, cuja voz deixou de ter credibilidade no Magrebe, uma das zonas prioritárias da política externa francesa, deverá dar o lugar a Alain Juppé, actual ministro da Defesa.
A saída da ministra do Governo irá certamente provocar uma remodelação mais vasta, falando-se em Paris em mudanças também no Ministério do Interior, além da Defesa, entre outras.
Alain Juppé, ex-primeiro-ministro e próximo do ex-presidente, Jacques Chirac, passará a ser o novo homem forte do Governo francês, no qual o próprio primeiro-ministro, François Fillon, se encontra enfraquecido por ter passado, com a família, a suas ultimas férias de Natal no Egipto, a convite do ex-presidente, Hosni Moubarak.
A nova remodelação surge quando Sarkozy e o Governo estão em queda acentuada nas sondagens. A um ano das eleições presidenciais, o actual chefe de Estado é dado como batido por todos os eventuais candidatos socialistas e mesmo em risco de não passar à segunda volta devido à subida de Marine le Pen, líder da estrema-direita.