O jovem rapaz, que enlouquecia a sociedade conservadora nas décadas de 50 e 60 com os seus gritos rebeldes e sensuais, completa hoje 25 anos de idade. Na verdade, esse menino é um senhor bem do “desenrascado”, que só foi registado no cartório no dia 13 de julho de 1985. Quase 30 anos após a revolucionar a cultura da música.
Pois é, o rock não tem apenas 25 anos. Não se sabe dizer quantos anos exatos ele tem, porém, tudo que se sabe é que ele surgiu há muito tempo como uma expressão de estado de espírito. Neste caso, foi uma manifestação puramente de sentimentos negros. Antes mesmo de se tornar um mito e de fazer parte da arte pop, o género nasceu de um grito africano, que ao pisar em terras estranhas da América do Norte, encontrou uma maneira de falar sobre a forma hostil e nova que o cercava. Numa mistura de blues, country, western e rhythm and blues, o gajo do rock apareceu.
A principal inovação musical na época era o aumento do uso da guitarra elétrica. A improvisação do solo tornou-se o ponto central do género, atraindo milhares de jovens com letras que celebravam o sexo, o amor, a dança e o próprio rock ‘n roll.
A propósito, o rock, como o jazz e a música erudita são os únicos géneros universais, que atingem as mais diversas culturas. Contudo, é o único estilo musical, destes que citei acima, que ainda se mantém realmente popular.
O rock ainda é jovem, é cool, é imortal e sempre será, pois se sustenta em três elementos básicos para ser eterno: rebeldia, vitalidade e sexualidade. Ou seja, ele apoia-se em sentimentos que não se modificam nunca, nem mesmo com a mais avançada tecnologia humana. Além disso, o rock baseia-se na individualidade de sentimentos típicos modernos. A juventude e a vitalidade andam de mãos dadas quando falamos de modernidade. Ao princípio, nas décadas de 50, 60 e 70, o rock funcionava como um canalizador de ideias que contestavam os sitemas cultural, educacional e político.
Hoje, acredito apenas que o protesto no rock tenha mudado de canal. Atualmente, ele já não funciona como um sentimento coletivo, mas sim, como um sentimento individual. Entretanto, a revolta sempre fez parte da sua filosofia, inclusive porque estamos a abordar uma arte que nasceu essencialmente de um grito oprimido, e que só se consolidou como cultura em meados do século passado.
O género foi muito bem representado inicialmente por artistas negros como: Chuck Berry, Little Richard e Buddy Holly. Porém, apenas um foi responsável por fazer do modismo uma verdadeira revolução. Elvis Presley foi o primeiro grande exemplo de como a influência negra poderia chegar à sociedade branca norte-americana. Foi Presley quem solidificou o rock como música pop.
Nos anos 60 e 70, o público do rock dos anos 50 já não era tão jovem, e uma nova geração, mais sedenta por mudanças e novidades, procurou ouvir sons diferentes daqueles ouvidos pelos seus pais. Daí em diante, o género começou-se a segmentar e a reinventar-se para cada nova leva de juventude que se interessasse por ele.
Hoje, existem mais de 30 tipos de rock no mundo, e por isso, afirmo que o género não só revolucionou a música, como também ditou maneiras de ser, de se comportar, com diversas óticas de realidade que nascem da mesma fonte. O rock define-se pelo seu público e é, sem dúvida, polimorfo.
É o jovem que anseia pelo novo, e é ele também o responsável por reinventar o estilo de cada geração. O rock é a personificação sonora mais genuína da juventude que certamente não envelhece, assim como os sonhos. Parabéns omnipresente Rock n’Roll!
Érica Pinna
Rádio Cultura/São Paulo- Brasil
JA
Adorei a abordagem dada pela Érica ao Rock.
Mostrou como um gênero musical pode ser a
expressão cultural de um povo, de uma etnia e
de uma época.
Eliane Telles de Sousa – SP/Brasil