Romenos já estão no seu país mas deixaram desaguisado para trás

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Os trabalhadores romenos que chegaram a Castro Marim no dia 24 de abril já estão no seu país, para onde viajaram no passado fim-de-semana, mas, entretanto, a sua situação humanitária foi alvo de críticas e censuras mútuas entre os municípios de Castro Marim e Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

A Câmara Municipal de Castro Marim lamentou, no início desta semana, a tomada de posição da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, que – acusam os castromarinenses – “transformou uma situação de carácter humanitário num jogo de culpas entre municípios”.

Em causa está, segundo a Câmara do distrito albicastrense, o processo de deslocação temporária, por duas noites, dos romenos para o concelho de Idanha-a-Nova, que “foi conduzido por três entidades: Câmara Municipal de Castro Marim, Embaixada da Roménia em Portugal e Associação Romena de Aldeia de Santa Margarida”.

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Os romenos saíram de Castro Marim na passada quinta-feira, dia 30, e o plano era ficarem no concelho beirão até sábado, dia 2, após o que seriam levados ao aeroporto da Portela e iriam para o seu país, o que de facto veio a acontecer.

De acordo com a Câmara da região centro, aquelas três entidades articularam, entre si, a deslocação dos 15 cidadãos romenos de Castro Marim para uma unidade de alojamento de São Miguel de Acha “sem comunicar previamente o facto à Câmara Municipal de Idanha-a-Nova ou à Junta de Freguesia de São Miguel de Acha, uma atitude que revela falta de respeito institucional e desconsideração pela saúde da comunidade idanhense”.

“O facto de não terem comunicado previamente da chegada destes cidadãos, não estando em causa a sua nacionalidade, inviabilizou a resposta atempada e articulada entre as entidades locais, como deveria ter acontecido, nomeadamente o cumprimento das regras de isolamento social, destinadas a todos os que chegam ao nosso concelho, vindos de outras partes do país ou do mundo» lê-se em comunicado enviado à redação do semanário Barlavento.

Em resposta, a autarquia de Castro Marim lamenta a tomada de posição da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e recorda que se trata de “cidadãos de um país da União Europeia, em situação legal e não infetados por COVID-19”, conforme evocou ao JA a vice-presidente da Câmara algarvia, Filomena Sintra.

“Não tínhamos que informar a câmara de Idanha-a-Nova de que um grupo de cidadãos comunitários, saudáveis e em situação legal ia pernoitar duas noites no seu concelho”, vincou a vereadora.

De acordo com Filomena Sintra, em todo o processo de estadia, de uma semana, dos romenos em Portugal o município só obteve resposta da Embaixada da Roménia em Portugal. “Dirigimos o mesmo apelo a outras entidades governamentais, mas não obtivemos resposta”, lamenta a autarca.

“A Embaixada da Roménia encetou todos os esforços para acolher, com o mínimo de dignidade humana, os 15 cidadãos, garantindo um alojamento que seria, à partida, no município de Castelo Branco, situação que se alterou já durante o translado efetuado pelo Município de Castro Marim. Importa sublinhar que só nesta condição saíram de Castro Marim”, enfatiza, entretanto, o município de Castro Marim em comunicado.

“Acreditamos que quer o Município de Elvas, quer o Município de Castro Marim, quer o Município de Idanha-a-Nova, fizeram o melhor que puderam, quer em prol das suas populações, quer em prol do grupo de cidadãos romenos, mas rejeitamos tomadas de posição acusatórias e inadequadas ao contexto, que raiaram a xenofobia”, acusa a câmara algarvia.

“Este, que foi um caso lamentável, devia ser o mote para reflexões diplomáticas Portugal-Espanha, uma vez que já há notícia de que enquanto o espaço aéreo em Portugal está aberto, as fronteiras em Espanha poderão estar fechadas até outubro. Este é um assunto que deve ter solução desde que haja vontade e esforço político nesse sentido”, conclui.

JP.

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