A empresa estatal russa Gazprom cortou, na manhã desta quarta-feira, o fornecimento de gás à Ucrânia. De acordo com o diretor-executivo da empresa, Alexei Miller, o país já terá usado todo o gás por que pagou.
As entregas de gás à Ucrânia vinham sendo constantemente interrompidas desde que o conflito entre os dois países teve início, no ano passado. No entanto, a Rússia tinha voltado em outubro a fornecer gás ao país vizinho, depois de ambos terem acordado que a Ucrânia começaria a receber o combustível através de um regime de pré-pagamento.
Alexei Miller já explicou a decisão através de um comunicado divulgado esta quarta-feira, que esclarece que “as entregas vão ser interrompidas até serem recebidos novos pagamentos da empresa estatal ucraniana”. Miller acrescenta, na mesma declaração, duas críticas a Kiev: “A recusa da Ucrânia de comprar gás russo vai criar sérios riscos para a entrega de gás a outros países através da Ucrânia e para o fornecimento de gás a cidadãos ucranianos durante este inverno”.
A base para a primeira crítica de Miller pode estar no facto de 15% do gás usado no Velho Continente chegar aos vários países depois de atravessar a Ucrânia. A segunda crítica tem a ver com a resposta de Kiev a este obstáculo, uma vez que o primeiro-ministro ucraniano Arseny Yatseniuk já reagiu dizendo que o seu Governo vai impedir a empresa de energia estatal Naftogaz de voltar a comprar gás russo. A intenção é reduzir a dependência ucraniana de Moscovo.
Mas esta não foi a única resposta do Executivo ucraniano. Kiev também anunciou esta quarta-feira que as companhias aéreas russas não poderão viajar dentro do espaço aéreo ucraniano. A represália chega depois de a Ucrânia ter, no mês passado, suspendido todos os voos diretos entre os dois países.
Tensão aumenta
A interrupção do fornecimento de gás à Ucrânia acontece depois de este fim de semana a eletricidade que chegava à Crimeia, vinda da Ucrânia, ter sido cortada, o que resultou na declaração do estado de emergência na península anexada pela Rússia.
Embora o porta-voz do Ministério do Interior da Ucrânia tenha garantido não saber quem são os responsáveis pelas explosões que ocorreram nas linhas de alta tensão, os governantes da Rússia e da Crimeia acusam o país de estar na origem do problema.
A Ucrânia continua a não se responsabilizar pelo apagão na Crimeia e esta terça-feira decidiu suspender o transporte de mercadorias para aquela região.
(Rede Expresso)