A estupefação e uma profunda tristeza assaltou-me! O meu Amigo Fernando tinha partido!..
Sim, Amigo! Porque a amizade não se mede pelo tempo da proximidade, mas pelo vínculo forte e profundo que se constrói nas lutas, nos ideais que se partilha, nos momentos de camaradagem que se vivem…
O Fernando e a Luísa, sua esposa, pertencíamos ao mesmo grupo de adolescentes que, há idos anos, levantavam-se, todos os dias, de madrugada, para “apanhar” o comboio que nos levava até Faro para podermos continuar os nossos estudos. Foi nesse tempo que partilhámos esperanças de liberdade, que travámos lutas pelos valores de Abril, que construímos fóruns de discussão sobre que caminho a seguir para melhor servir “o povo”, algumas vezes com opiniões divergentes, partilhámos pensamentos, ideais e crenças. Mas partilhámos um sentimento comum, a Esperança.
Esperança num futuro melhor, com melhores condições de vida com mais Liberdade. Foi esse cimento que nos uniu! E foi essa vida que ajudou a construir um Fernando humanista, solidário e democrata que sempre pensou pela sua cabeça e aplicou constantemente a integridade na sua vida.
Foi nesse caldo de juventude que o Fernando e a Luísa lançaram os alicerces da sua caminhada, até hoje. Luísa, sei que vives momentos dolorosos e difíceis mas também sei que o Fernando continuará a viver permanentemente, no teu coração, das filhas e família e que sempre dignificarão os valores e princípios que nortearam a Vossa vida!
Quem conheceu verdadeiramente o Fernando sabe da sua convicção nos valores humanistas e democráticos e de procura na justiça social. Foi essa a referência que fomentou no “seu” Jornal, o Jornal do Algarve, um dos mais conhecidos e carismáticos jornais regionais. Sublinho o elevado rigor profissional do Fernando Reis, que encarava o jornalismo como uma missão, na qual a verdade, a ética e a retidão dos factos eram a sua prioridade, sempre com o objetivo de colocar o leitor em primeiro lugar.
O Fernando Reis deixa-nos uma imagem de profissionalismo, de humildade, mas também de competência e de integridade e será lembrado pela sua simpatia e dedicação a uma causa tão nobre como é a do jornalismo e a de informar.
Manifesto o meu profundo pesar pela partida do Fernando e de onde ele está poderá estar convicto que foi e continuará a ser, uma referência, não só da geração que com ele conviveu e que com ele lutou, mas de todos os que se reveem na vivência democrática, nos valores da tolerância, da liberdade e de respeito pelos outros.
A amiga de sempre,
Jovita Ladeira