Sanções a Portugal: Comissão pode empurrar problema para os ministros… e para outubro

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António Costa (Foto: Marcos Borga/Expresso)

Durante esta segunda-feira foram várias as soluções que circularam dentro da Comissão. Bruxelas tenta encontrar um “compromisso” que agrade ao mesmo tempo aos comissários que defendem a aplicação das regras e de sanções e aos que estão contra a aplicação de multas.

A última versão em cima da mesa aponta para que, na reunião desta terça-feira, os comissários só debatam o tema, deixando a decisão para o final da semana, adianta ao Expresso fonte comunitária. De acordo com outra fonte, será esta quinta-feira e por procedimento escrito – ou seja, sem a necessidade de nova reunião do colégio – que a Comissão deverá “constatar” que Portugal e Espanha falharam na ação para corrigir o défice em 2015.

Uma constatação que, no entanto, não seria acompanhada de qualquer sugestão ou recomendação ao Conselho (ECOFIN) para que sejam aplicadas sanções aos dois países. A solução permitiria cumprir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento – e agradar à ala mais dura – e ao mesmo tempo empurraria para os ministros das Finanças a decisão difícil de pedir (ou não) à Comissão que aplicasse sanções. Uma estratégia que, se jogar com o calendário, pode ainda empurrar o dossiê das sanções para depois do verão. Quanto mais tarde a Comissão tomar uma decisão, mais apertado fica para os ministros das Finanças conseguirem incluir a questão das sanções na agenda da reunião de dia 12 de julho.

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De acordo com fonte do Conselho, “é mais uma questão prática do que legal”, porque depois da decisão da Comissão, esta tem de ser “preparada e tem de envolver as representações dos países”, antes de seguir para a reunião dos 28 ministros.

Se a questão não entrar na reunião da próxima semana, teria de passar para o encontro seguinte. Há um Ecofin a 10 de setembro em Bratislava, mas por ser informal não podem ser tomadas decisões, o que empurraria a decisão para a reunião de 11 de outubro.

A escolha “cabe ao Conselho”, diz fonte da Comissão. Caso o processo se desenrole de forma a que o ECOFIN tome uma decisão na terça-feira da próxima semana, os passos seguintes são dados ainda este mês.

O ECOFIN pode travar as sanções (por maioria qualificada) ou pode decidir que Portugal e Espanha falharam na correção do défice. Se a decisão for pela “ausência de medidas eficazes”, a Comissão deve no prazo de 20 dias propor uma sanção equivalente a 0,2% do PIB. O executivo de Juncker pode também, em circunstância excepcionais, e perante os argumentos dos países em causa reduzir a multa ou mesmo cancelá-la.

Um processo que se arrastaria até final deste mês e que permitiria a Portugal e Espanha explicarem-se perante Bruxelas, dando garantias de correção do défice em 2016.

Mas a decisão final caberá uma vez mais aos ministros das Finanças que ou convocariam uma reunião extraordinária para final de julho/princípio de agosto, ou esperariam pela reunião de outubro.

O cenário de outubro começa a ser colocado em Bruxelas, também em resposta à indefinição política espanhola. As eleições de 26 de junho não facilitaram a formação de um novo governo. A incerteza sobre a situação política em Espanha foi um dos motivos que levou a Comissão, em maio, a adiar a questão das sanções.

Susana Frexes (Rede Expresso)

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