“Acreditamos que este é um investimento público que vale a pena, é um investimento com retorno garantido, e continuaremos a impulsionar nas nossas ações a saúde organizacional, um trabalho digno e a promoção da saúde de todos os trabalhadores em geral, e na administração pública em particular”, disse Marta Temido. (CNN, 6-04-2022)
Foi com alegria e satisfação que tomei conta das declarações da Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido, na entrega de prémios “Locais de trabalho saudáveis” promovida pela Ordem dos Psicólogos, uma vez que é uma temática acerca da qual tenho discutido, estudado e refletido bastante nos últimos tempos.
Tenho o gosto de conhecer pessoalmente Liliana Sequeira, CEO da Mighty Mind e investigadora do projeto “Perspetivas sobre a Felicidade. Contributos para Portugal no World Happiness Report (ONU), que foi oradora na 1.ª convenção do Dia Internacional da Felicidade, no passado 20 de março, e que assinou recentemente um protocolo com o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) para juntos lançarem a pós-graduação em “Segurança, Saúde e Felicidade no Trabalho”.
No passado, tudo isto seria, aos olhos e ouvidos de alguns, “lírios e flores”, quanto muito tema de coffe-break antes de se regressar ao que realmente importa: números e tabelas. No entanto, uma vez que os últimos grandes financiamentos de Bruxelas estão em cima da mesa e que todos os estudos e avaliações apontam no sentido de que é importante investir no capital humano para que Portugal possa começar a ter resultados diferentes no crescimento económico, talvez seja altura de começar a olhar, todos e cada um de nós, para o que fazemos do nosso local de trabalho.
Está estudado que o investimento no capital humano tem, a 50 anos, o retorno desse investimento multiplicado por 5. É importante investir nas chefias, nas equipas, nos trabalhadores de serviços… criar uma cultura de excelência, de gosto pelo que se faz, de envolvimento de equipas.
A segurança psicológica é tão ou mais importante que colocar baias e capacetes nos locais de perigo. O burnout foi considerado doença profissional a 1 de janeiro de 2022 e as ausências, baixas e afins provocadas por mal-estares e stresses geram milhares de prejuísos nos privados e nas contas públicas.
É importante uma cultura de diálogo honesto nas organizações, como tolerância aos erros e à diferença, onde a criatividade seja premiada e que grandes ideias possam gerar ótimos resultados. É importante a escuta ativa, a inclusão nas tomadas de decisão e, acima de tudo, o envolvimento das equipas, para que todos possam vestir a camisola e sentir que fazem parte, para que as organizações cresçam e colham os frutos de um trabalho mais produtivo com todos os envolvidos mais saudáveis, felizes e seguros.
Sara Gomes Brito
*Docente na Pós-graduação “Segurança, Saúde e Felicidade no Trabalho”- ISEC Coimbra
Mestre em Literatura Comparada Pós Graduada em Multiculturas e Gestão de Relações Interculturais