Schulz: UE é uma “bicicleta sem ar nos pneus”

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“Continuamos a ser uma bicicleta, mas sem ar nos pneus. Temos inúmeros problemas para resolver. Continuamos a pedalar. Mas os nossos instrumentos não estão na melhor forma.” Este é o estado atual da União Europeia na metáfora utilizada por Martin Schulz, em entrevista ao “Diário de Notícias” esta segunda-feira.

Para Schulz, passados 66 anos da declaração de Schuman, a União Europeia “atravessa um género de policrise”: refugiados, recuperação económica fraca, controlos fronteiriços, terrorismo, Brexit e a dívida da Grécia. Ou seja, não faltam preocupações ao presidente do Parlamento Europeu. Está a perder-se o “espírito desta comunidade”, diz na entrevista ao matutino a propósito do Dia da Europa, que se assinala esta segunda-feira.

No fundo, a União Europeia está sempre a “levar por tabela”, explica. Se o desemprego sobe, “culpam a UE”. Se o emprego sobe, “dizem que foi o governo”.

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“A falta de liderança na União resulta de hoje haver primeiros-ministros que vêm a Bruxelas dizer ‘eu tenho de defender o melhor interesse do meu país’. Presumem que o interesse de um país é atacado em Bruxelas e por isso tem de ser defendido”, disse.

Esta afirmação poderia ser muito facilmente interpretada como uma mensagem para António Costa, por isso Schulz fez questão ainda de acrescentar que “todos os primeiros-ministros portugueses, especialmente o que está em funções, são muito fortes e convictos na defesa de um aprofundamento da integração europeia”.

Será, então, possível aprofundar a integração na UE? “Pela primeira vez na história da Europa não é certo que a União Europeia saia destas crises mais forte. Pode acontecer que fiquemos ainda mais fracos. Os que querem destruir a UE estão a ganhar eleições. Ainda não têm a maioria. A maioria ainda são os que acreditam na cooperação transnacional como o melhor para a Europa. Mas essa maioria é silenciosa. E a minoria hostil muito ruidosa. Venceremos se a maioria silenciosa puder ser novamente mobilizada para lutar pelos ideais [europeus”, disse Martin Schulz ao “DN”.

Visto por muitos políticos e economistas como um testa de ferro, Martin Schulz recusa a etiqueta de defensor de medidas de austeridade. “Essa escola de economia que nos diz que temos apenas de cortar nos orçamentos públicos – e nós a cortar, cortar, mas os investidores não chegam – é uma política errada.”

Fábio Monteiro (Rede Expresso)

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