Seca: Governo suspende autorizações para novos furos no Algarve

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Suspender novos furos de água no sul do País e intensificar a promoção da reutilização dos consumos urbanos e na agricultura são medidas que o Governo anunciou esta quarta-feira para fazer face à situação de seca que Portugal atravessa, em que as regiões mais problemáticas são o Alentejo e o Algarve.

“Objetivamente a seca é um problema estrutural” em Portugal afirmou o ministro do Ambiente e da Transição Energética no final da reunião da comissão interministerial da seca. “Parece claro a todos os que estiveram na reunião que em consenso e em diálogo com todos os setores temos mesmo de mudar o perfil de consumo em Portugal”, afirmou Pedro Matos Fernandes.

E para fazer essa mudança nos hábitos de consumo da água, o Governo conta com “três parceiros principais”: “as autarquias, a agricultura e, no caso do Algarve, o turismo por causa da rega dos campos de golfe”.

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Para minimizar os efeitos da seca, sobretudo no Alentejo e Algarve, Pedro Matos Fernandes anunciou a suspensão de “novas captações de água subterrânea em algumas massas de água no sul do país”, respeitando os compromissos que já existem, fez questão de salvaguardar. “Vamos intensificar a promoção da reutilização daquilo que é o consumo de água ao nível do uso urbano e da rega”, acrescentou.

Matos Fernandes assegurou que o Governo está “acompanhar ao dia aquilo que são as situações mais críticas”, referindo-se a “um conjunto de albufeiras que se concentram quase exclusivamente no sul do País”.

“Se o território tem menos água também a utilização que fazemos dela tem de ser menor”, dise o ministro.

Pensar e fazer de modo diferente é, no fundo, o que o Executivo pretende implementar face ao problema da seca. Nesse sentido é necessário que haja uma mudança nos hábitos de consumo de água de todos os portugueses, reforçou. “Por comsumidor não se entenda só o consumidor individual mas também o da atividade económica, em que no sul do país a agricultura é uma evidencia. No Algarve, não falamos só em agricultura, mas também nos campos de golfe”

De acordo com Matos Fernandes, desde 2015 só em 30% dos meses choveu mais do que seria de esperar. “No último ano hidrológico isso só aconteceu em três meses e um deles é agosto, em que obviamente mesmo que tenha chovido a mais é algo marginal. Sabendo isto, nós temos mesmo que adatar toda a nossa atividade ao território”, sublinhou.

“E se o território tem menos água, também a utilização que fazemos dela tem de ser menor”, considerou. E essa mudança passa pela vida de cada um dos portugueses, mas também “pela forma como as autarquias lavam as ruas, regam os seus jardins, como os campos de golfe têm de passar a ser regados utilizando cada vez mais águas residuais tratadas”. E passa também pela utilização dessas mesmas águas residuais tratadas, por exemplo, “na rega de culturas permanentes na agricultura”, afirmou.

Enfrentar este problema passa também pela aprovação de projetos futuros, em qualquer setor, que contemplem “o stress hídrico em que nos encontramos”. “Isto é a menor quantidade de água que é expectável que Portugal venha a ter no futuro como água disponível”, explicou Matos Fernandes.

Barragens a sul do Tejo com mínimos históricos

A pouca chuva registada na primeira quinzena deste mês, na região sul do país, provocou uma descida no volume de água nas barragens. Com menos de 20% do armazenamento, há dez barragens no vermelho, todas localizadas no Alentejo, noticia o Correio da Manhã, esta quarta-feira.

A situação mais complicada é Abrilongo, na bacia hidrográfica do Guadiana, com apenas 2%.Na mesma bacia, Lucefécit regista 5%, Caia 12% e Vigia 11%.

As outras cinco são da bacia do rio Sado: Monte da Rocha registou um mínimo de 8%, Pêgo do Altar 11%, Rôxo situa-se ligeiramente acima com 17% e Vale de Gaio com um máximo de 19%.

No conjunto das 59 barragens monitorizadas pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, da Agência Portuguesa do Ambiente, 27 tinham disponibilidades hídricas abaixo dos 40%. São menos três face ao final de outubro.

No que toca às bacias hidrográficas, o rio Sado apresenta a situação mais complicada dado que nos primeiros 15 dias registou uma quebra face ao final de outubro. Segundo o CM, os níveis de água desceram de 25,6% para 25%. No Barlavento algarvio, o volume armazenado desceu de 30,7% para 29,8%. No Arade, no Algarve, a queda foi de 3 pontos percentuais (40,3% para 40%). No rio Mira registou-te um recuou de 46,7% e na região do Oeste de 40,4% para 39,9%.

Apenas no Guadiana os níveis se mantiveram e nas restantes seis verificou-se um aumento. A subida mais significativa foi no rio Ave, que passou de 51,1% para 77,8%.

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