Seis impactos negativos nas nossas vidas da crise chinesa – e um positivo (que pode ser negativo)

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A crise nos mercados asiáticos agravou-se nos últimos dias, provocando receios sobre o crescimento da economia mundial. As autoridades chinesas estão a tentar evitar o pânico. Os impactos estão por medir, mas já se fazem sentir.

#1 Desvalorização das ações

É o efeito mais imediato. Quem aplica poupanças em mercados acionistas está a sofrer o impacto direto da desvalorização das bolsas. Esta desvalorização não está, para já, a ser compensada com valorizações expressivas noutros ativos. O ouro, por exemplo, é um ativo de refúgio típico mas (ainda?) não valorizou por efeito desta crise. Algum investimento tem sido encaminhado para obrigações, para o franco suíço e para o iene, mas nada ainda compensa a queda acentuada nas bolsas.

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#2 Quebra das exportações

É o efeito mais temido para um país como Portugal, embora seja um efeito indireto. Se a China tiver um crescimento económico inferior ao previsto, e como o euro está a valorizar face ao renmimbi, os países europeus que exportam para a China (com a Alemanha à cabeça) exportará menos, sofrendo o contágio do arrefecimento económico. Portugal não é grande exportador para a China, mas exporta muito para países europeus como a Alemanha. Pode, portanto, sofrer o contágio por essa via e reduzir o seu crescimento económico. E isso significa menos criação de emprego.

#3 Produtos chineses mais baratos

Não são só as lojas dos chineses. Portugal importa da China mais do que exporta e todos esses produtos poderão ficar mais baratos se o renmimbi prosseguir a sua política de desvalorização face ao euro. Este efeito beneficia os consumidores destes produtos mas é uma ameaça para as empresas portuguesas concorrentes, que competirão assim com preços ainda mais baixos.

#4 Dívida mais cara?

Para já, não. A reação dos bancos centrais está a ser descer as taxas de juro, de modo a estimular o crescimento económico: taxas mais baixas potenciam investimento empresarial e consumo, baixando os custos financeiros. Além disso, não há na Europa receios de inflação, pelo que a política de juros baixos tem sido sustentada. O problema para economias muito endividadas como a portuguesa está no outro lado da equação: se as empresas vendem menos, os seus custos financeiros pesam mais; se o PIB cresce menos, o peso da dívida pública pode subir; se o Estado tem menos receitas fiscais por via do menor crescimento económico, o fardo da dívida pesa mais.

#5 Depósitos bancários pagam menos?

Provavelmente, sim. É o reverso da descida das taxas de juro: o crédito fica mais barato mas os depósitos também. Este efeito já é sentido hoje em Portugal, como no resto da Europa, mas pode permanecer ainda mais tempo num contexto como o atual, em que a baixa inflação e arrefecimento da economia sugerem taxas de juro baixas.

#6 Investimento chinês pode refrear

A China é a origem de milhares de milhões de investimento direto estrangeiro ao longo dos últimos anos, quer na aquisição de participações de empresas (como a EDP e a REN), quer de imobiliário (muito por causa dos “vistos gold”). Com a desvalorização do renmimbi e o arrefecimento económico doméstico, os investimentos chineses na Europa podem reduzir.

#7 Queda do petróleo

É bom, não é? Para um país como Portugal, que não é produtor de petróleo (embora o refine), a descida do preço do petróleo significa redução dos custos energéticos para as empresas e do custo que as famílias pagam para encher os depósitos dos automóveis. Mas até esta boa notícia pode ser uma ameaça à economia: aumenta os receios de deflação na Europa.

RE

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