Sem preconceitos e de como o hábito fez uma campeã…

Nas duas faces da mesma moeda, vezes quantas, deparamos com factos e acontecimentos que muito enobrecem quem os pratica.


E faces da mesma moeda, na medida em que assentes numa sólida formação desportiva, e porque originam a transcendência e a superação, justo será trazê-los ao palco, ainda que os seus autores não promovam, nem o ruído, nem originem acender os holofotes.


Numa das faces, encontrámos Pedro Costa, surdo profundo desde que nasceu, e árbitro de futsal, pertencente aos quadros da AFLeiria, e que na comemoração do Dia Nacional da Educação dos Surdos, nos deu conta do porquê da sua decisão, do seu pioneirismo, depois de ter começado como treinador: “Achei que para além disso, para além de treinador, teria de haver um árbitro surdo”. E Porquê? Ele, dá-nos a resposta: “Para mostrar às pessoas ouvintes que a credibilidade dentro do campo pode ser igual por um lado e, por outro, acreditar que a Associação de Futebol me iria aceitar”.


Ao explicar de como muito teve de lutar pelos seus direitos, Pedro Costa, assegura que se sente apenas mais um árbitro, reconhecendo que: “70% das dificuldades são grandes porque creio que não somos totalmente bem recebidos porque não somos vistos com capacidades iguais às dos outros. No entanto, o público que está a ver não sabe se quem está dentro de campo é surdo ou ouvinte. Há uma concentração que o surdo tem dentro de jogo que se calhar o ouvinte não tem”, é o sentimento e convicção expressa por aquele que se constituiu no primeiro árbitro surdo a atuar em Portugal.
Na outra face, da mesma moeda, pelas razões já evocadas, deparámos com uma ginasta australiana, que compete pela Universidade da Califórnia, de nome Emi Watterson, que, num recente confronto com a Universidade de UCLA, na disciplina de paralelas assimétricas, almejou conquistar o grau de exercício perfeito, correspondente a uma nota de pontuação máxima: 10.


Duas curiosidades a envolver o extraordinário feito desta atleta de eleição: a primeira, o facto de ter competido com uma máscara (anti-Covid-19), não obstante não ser obrigada a fazê-lo, ao invés do que sucede nos treinos, por determinação da sua Universidade. É que, segundo a ginasta, e porque na sua rotina diária é assim que procede, usando a máscara, na competição, simplesmente porque: “estou acostumada”; a segunda, a circunstância de, em momento de glória, demonstrando um elevado espírito desportivo, ter manifestado o: “reconhecimento, o tributo à excelência negra”.

Tudo isto, afinal, enquanto formulação do que somos em direcção ao que devemos ser: eis o sentido da Vida! Eis o sentido do Desporto!


A acrescentar que não é pensando que somos, é sendo que pensamos!

Humberto Gomes
*”Embaixador para a Ética no Desporto”

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