Sindicatos esperam 12 mil polícias na ‘manif’ de hoje

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Manifestação do ano passado acabou na escadaria do Parlamento
Foto – Nuno Botelho (tirada com telemóvel)

A PSP mobilizou para a manifestação de hoje todo o Corpo de Intervenção sedeado em Lisboa – 400 homens – e ainda secções de intervenção rápida de várias divisões da cidade. Há também uma força de reserva da GNR, num total estimado de 800 homens para controlar uma manifestação que os sindicatos preveem que possa juntar 12 mil agentes das diversas forças de segurança.

“Nem num FC Porto-Benfica se vê tanto polícia”, critica César Nogueira, da Associação de Profissionais da Guarda. “Parece que o ministro está desejoso de que alguma coisa aconteça de mal”, acrescenta. “Parece-me anormal e intimidatório. O ministro quer meter medo aos manifestantes para que não se repita o que aconteceu em novembro”, resume Acácio Pereira, do sindicato do SEF.

Paulo Rodrigues, líder da plataforma que reúne os seis sindicatos que estarão na manifestação, concorda com a dimensão do dispositivo montado pela PSP. “É jusitificável porque para além do número recorde de manifestantes, temos notícia da possibilidade haver elementos infiltrados na manifestação que nada têm que ver com os polícias e, se houver confrontos físicos, ninguém vai beneficiar. Nem nós, nem o Governo”.

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Segundo este responsável, foram detetados “apelos nas redes sociais de grupos antigoverno para comparecerem na manifestação e só isso já pode provocar conflitos”. “Portanto, concordo com o dispositivo previsto”, afirma Paulo Rodrigues.

De acordo com as informações da organização, 70 autocarros de todo o país vão dirigir-se para Lisboa, mais 20 do que em novembro do último ano, quando a manifestação acabou numa invasão da escadaria do Parlamento que não teve oposição das forças que policiavam o protesto, ao contráro do que já tinha acontecido em protestos de civis.

Na sequência dos incidentes, Miguel Macedo demitiu o diretor nacional da PSP, instaurou processos disciplinares aos dois oficiais responsáveis e deixou claro que uma situação como aquela não se poderia repetir.

“Foi um gesto simbólico, mas o nosso objetivo para hoje é que não se suba a escada. Temos de evitar o conflito”, garante Peixoto Rodrigues, do Sindicato Unificado dos Polícias. “Já da outra vez condenámos a subida e se alguém subir desta vez fá-lo por sua conta e risco”, avisa Acácio Pereira. “Não posso garantir que não haja conflitos, é difícil prever se haverá ou não, mas o Governo poderia ter evitado tudo isto se mostrasse alguma abertura, o que nunca aconteceu”, argumenta César Nogueira.

Os elementos do Corpo de Intervenção só vão atuar caso haja uma tentativa de subida da escadaria. Apesar do Ministério da Administração Interna não fazer qualquer esclarecimento ou comentário sobre o caso, parece claro que há ordens precisas para impedir qualquer tentativa de invasão. Júlio Rebelo, do Sindicato dos Guardas Prisionais, garante não ter “qualquer receio” de confrontos. “Somos todos elementos das forças de segurança. Vai reinar o bom senso”, espera.

No geral, os sindicatos dos polícias estão contra os cortes nos vencimentos que atingiram todos os funcionários públicos, porque, argumentam, têm “mais obrigações do que os outros” e, por isso, têm de ter “um tratamento diferenciado”.

“Um polícia não pode ter um trabalho extra ou um part-time. Uma colega vai ser castigada porque foi apanhada a conduzir um táxi. Quando lhe perguntei porque é foi fazer uma coisa daquelas, ela disse-me que era aquilo ou ia para a rua com os filhos”, conta Paulo Rodrigues.

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