Síria. Cessar-fogo “ambicioso” negociado por Rússia e EUA começa dentro de uma semana

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“Acreditamos que alcançámos avanços tanto na frente humanitária como na frente da cessação de hostilidades e estas duas frentes, este progresso, têm o potencial de, a serem totalmente implementadas, totalmente seguidas, mudarem o dia a dia do povo sírio.” A declaração é de John Kerry, proferida esta quinta-feira em Munique, após um encontro com o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.

Lado a lado na cidade alemã, onde os dois dirigentes políticos se encontraram para discutir um “plano concreto” para a Síria apresentado por Moscovo, Estados Unidos e Rússia chegaram a acordo para que seja distribuída ajuda humanitária nas cidades sírias cercadas pelas forças do regime, caso de Alepo, onde têm decorrido as piores batalhas e bombardeamentos do último mês.

“Aceitámos implementar a nível nacional uma trégua nas hostilidades no espaço de uma semana”, esclareceu o secretário de Estado norte-americano, e “isso é ambicioso.” O plano, explicou ainda, é começar a distribuir ajuda humanitária nas cidades mais afetadas já nos próximos dias e aproveitar depois a aplicação do cessar-fogo para alargar essa distribuição de ajuda a outras zonas do país — isto numa altura em que organizações não-governamentais no terreno colocam a cifra de cinco anos de guerra nos 470 mil mortos e mais de 10 milhões de deslocados, dentro e fora da Síria.

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Sentados lado a lado, Kerry e Lavrov tentaram parecer cooperativos e satisfeitos depois de uma semana de intensas trocas de acusações. Apesar de existir uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas a pedir um cessar-fogo imediato na Síria, esta é a primeira vez que importantes atores globais envolvidos no conflito chegam a um acordo de trégua desde o início da guerra em março de 2011. A ser respeitado pelas partes, será efetivamente a primeira vez que algumas zonas do país devastado receberão alimentos e medicamentos sem que estejam a cair bombas.

Mesmo que seja totalmente aplicada será uma trégua frágil, já que se aplica apenas à coligação internacional liderada pelos EUA, à Rússia e às forças do Presidente sírio, e aliado de Moscovo, Bashar al-Assad — deixando de fora grupos como o autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) e a Frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda. Apesar das tentativas de aparência de uma espécie de normalidade, diz o correspondente do “New York Times” em Munique que “não existe qualquer evidência de que as divergências [entre os EUA e a Rússia e o regime sírio] tenham sido resolvidas”.

Joana Azevedo Viana (Rede Expresso)

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