O ano se 2021 será o ano da viragem, diz-se. Assim será, esperemos. Esperemos que seja o ano em que a medicina vença a pandemia, qe haja cosenso alargado sobre o perigo das alterações climáticas, que as democracias iliberais voltem a ser verdadeiras democracias, com separação de poderes e gente eleita que seja gente digna e com sentido de Estado. São os grandes votos que a esmagadora maioria faz em relação a ao próximo futuro. Mas estaremos mal se pensarmos que os grandes desígnios caem do céu, lá longe. sem o esforço de todos, a começar pelos que estão perto. Falo do Algarve, atingido como em breve se irá verificar, pelo ímpeto iliberal, sob a forma do liberalismo que diz querer colocar a locomotiva nos carris certos, quando entra pela democracia adentro usando os carris errados. Os cidadãos limitam-se a fazer as suas opções no dia dos votos, mas autarcas e políticos do Algarve não devem contribuir para criar no seu campo os distúrbios que só parecem acontecer lá longe, Por isso, aqui ficam dez desideratos, pacíficos, exequíveis, que um cidadão comum anseia para que a democracia local não se degrade. Não dói muito nem custa nada, algumas são coisinhas do dia a dia.
- Que os autarcas e políticos não prometam ao canto da rua que vão telefonar no dia seguinte com a intenção de não telefonar nunca.
- Que ao prometerem enviar a correspondência, o dossier, o pagamento, em determinada data, o cumpram. E se não cumprirem, que expliquem, que falem, ou peçam a alguém que fale por eles.
- Que tenham cuidado com os negócios de seus familiares e amigos, porque em política um pequeno índice transforma-se numa montanha.
- Que se conhecerem um caso de corrupção não varram o assunto para debaixo do tapete. Em breve o caso chegará à almofada e ao colchão, descredibilizará a sua gestão e terá muitas horas de não dormir,
- Que ao abrirem um concurso não se saiba de antemão para quem foi aberto, mas sim, que seja um concurso de avaliação por mérito. Na rua, antecipadamente, sabe-se de tudo.
- Que todas as informações que se dão à comunicação social não sejam de facção, nem de ambiguidade. A verdade não é uma questão de discurso mas uma questão do real.
- Que os que estão na oposição saibam honrar a sua voz e não sujá-la com ataques assentes em distorções e mentiras. O veneno não é um bom unguento em democracia, a critica séria sim, é uma boa vacina.
- Que os saudosos dos tempos da ditadura saibam que muitos são os que sabem como os ditadores do século XX, eleitos por eleições livres, assaltaram o poder e nunca mais permitiram que houvesse voto. Como dizia Mark Twain, a História nunca se repete, mas rima.
- Que os eleitos, em 2021, não guardem o arrojo e a coragem só para o se ganhar o mandato seguinte. Os exemplos não são escassos. Andam a dizer que o baixo perfil do Secretário Geral da ONU parece ser a fórmula certa para obter um segundo mandato. Por favor, gente política do Algarve, tenham piedade de nós. A elevação e a retidão, em democracia, devem estar acima de tudo.
- E já agora, que os políticos não desçam ao nível dos infantis, enviando mensagens de Ano Novo próprias das crianças, com carinhas de língua de fora e coelhinhos de orelhas a abanar.
Bom Ano de 2021, o ano da reparação.
Flagrante profissão: A de cônsul honorário…
Carlos Albino