SMS: A Andaluzia, aqui tão perto


Foi uma boa notícia que a Eurocidade do Guadiana, integrando os municípios de Ayamonte, Castro Marim e Vila Real de Santo António, está reconhecida como Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial e, como tal, com acesso a fundos específicos da UE. É uma entidade acima das fronteiras, tal como as nuvens que passam não precisam de sinais fronteiriços. O assunto que envolve apenas um município do lado de lé e dois de cá. Remete todavia para se pensar um pouco no relacionamento entre o Algarve e a Andaluzia, com alguma intensidade a nível de cidadãos mas institucionalmente fraco.

O desconhecimento institucional recíproco explica-se. A Andaluzia é, desde 1980, uma comunidade autónoma com parlamento próprio (109 deputados), com tribunal superior próprio (sede em Granada) e com órgão executivo (o Conselho de Governo, com sede em Sevilha). O Algarve nem Região é. A desproporção institucional, além é enormíssima e, para o caso, a desproporção geográfica não é determinante ou factor de limitação. Fosse o Algarve já uma Região e a relação certamente que seria diferente, porque as nuvens da Andaluzia são as mesmas que passam sobre o Algarve.

Muita gente do Algarve vai com mais facilidade e frequência a Huelva e a Sevilha que a Évora e a Lisboa, e a vinda dos andaluzes ao Algarve está a aumentar em número e frequência, consolidando-se um intercâmbio digamos que quase silencioso mas efectivo. E se as vias de comunicação, quer do lado de cá quer do lado de lá, fossem assumidas como prioridades estratégicas do relacionamento transfronteiriço (designadamente a ligação ferroviária) esse intercâmbio teria expressão maior, para benefício das duas partes – a de cá e a de lá.

Por todas as razões, é de crer que a Eurocidade do Guadiana vai ter êxito. Não vai dar mais água ao rio que há dá o nome, mas vai ser uma albufeira de mais cidadania e progresso, cá e lá. Além disso, +e de crer também que vai ser a primeira grande peça de aproximação concreta entre o Algarve e a Andaluzia.

Nisto, há muito que fazer. Na economia, na cultura, no ensino, no turismo – ganham ambas as partes mais coma complementaridade do que com a competição que facilmente se torna perversa edesonrosa, quer para lá, quer para cá.

Como vizinhos, tão perto um do outro, esperemos melhores dias. No entanto, o Algarve sem Região terão poucas pernas para andar.
Carlos Albino

Flagrante falta de vergonha: Na saúde, pelo que se ouve e pelo que se sabe.

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