Diz-se que os jornais “vão mal”, que “nunca se viram as poucas-vergonhas” na televisão como agora, que as redes sociais são “um esgoto”, etc.. Poucos questionam se tais situações são a causa ou mero efeito, metade dos que questionam apenas questionam e não apresentam soluções (encolhem a cabeça, conformam-se em função do partido de eleição), e raros são os que vão ao fundo do problema – a política legislativa para a comunicação social que tal como está, assemelha-se a um caleidoscópio à medida do freguês. São cada vez em maior número os que vão dizendo que “já não há jornalistas”, o que não deixa de em parte ser verdade – há publicistas e quase todos “profissionais” da matéria, etc.. Muitos irritam-se com que vêem e ouvem quando, na televisão, querem saber notícias com seriedade da sua região, do país e do mundo, e mudam de canal para canal com tudo igual. Outros abrem algum dos poucos jornais diários e os títulos garrafais em nada têm a ver com as descrições, a não ser nos crimes, desastres aéreos e bolas de futebol. Segredo de justiça? Não existe. Respeito pela honra? Não vende. Pode-se mentir descaradamente sobre matéria pública? À vontade e sem receio de consequências. Há liberdade de omissão? Completa, quando a omissão interessa a mandantes ou a grupos de pressão. A publicidade e a propaganda confundem-se com a Informação? Completamente, e tantas vezes sem se dar por isso. As rádios são na generalidade gira-discos com música de entrecosto intervalado pelo disparate? Entra pelos ouvidos. As redes sociais são hoje o “espelho da nação”, função que outrora era a do exército, e onde cada ladrão pode escrever sobre outro ladrão pensando que tem cem anos de perdão? Sim, são espelho, não são a causa. Etc..
O panorama não é encorajador e mesmo os que se sentem com coragem desconhecem onde “isto” pode ir parar, embora não se neguem vantagens. Vantagens? Sim. Quais? Primeiro, na televisão, nunca ninguém como hoje lá entra burro e sai inteligente. Segundo, nas redes sociais, nunca ninguém como hoje pode representar o papel de caluniador com a convicção de se deitar como santo e acordar com o mesmo género da calúnia. Terceiro, nos jornais, como está à vista ou conforme parece, todos querem suicidar-se, e o online é como que o sector dos cuidados paliativos no hospital da comunicação. Etc..
Flagrante prémio SMS de Jornalismo. Neste ano de 2019, o júri decidiu, ainda que se trate de um bis – prémio SMS de Jornalismo para Rosa Veloso. O Algarve precisa desta Jornalista. Assim que nos chegue a Ata do júri, diremos porquê.
Carlos Albino