SMS: A radicalização de província

Bem se desejava que o Algarve fosse hoje já o equivalente a duas três áreas verdadeiramente cosmopolitas e pelo menos contivesse no seu bojo duas áreas metropolitanas, ou pelo menos uma inicial e inauguradora de novo futuro. Sem perder a sua candidatura a Região e reforçando a sua identidade. Ora isso não se faz nem se obtém por despacho ou por decreto, muito menos por encomenda a um gabinete de propaganda, e, claro, jamais por benzedura e água benta como cada um toma a que quer. Faz-se e obtém-se com um esforço de afirmação cultural, com o estabelecimento firme de convivência assente em denominadores sociais comuns, e através de união ou consenso em torno de pontos cardeais da economia sobretudo os pontos de onde o vento sopra ou deve soprar – escolhamos livremente que, mesmo na e pela discordância, caminhamos para o objetivo.

Contrário a esse caminho é o da radicalização, da irracionalidade dos argumentos, do orgulho e até luxo na exibição da ignorância. Quando esta atitude de menosprezo pelo esforço de sabedoria se trona dominante, surgem sem dúvidas os sinais de derrocada quer se trate de um grande país, de uma pequena região, de aglomerado autárquico candidato a um disputado título cosmopolita, ou de autarquia que se esquece da sua imagem quando se vê ao espelho. Ora se toda a boa política, toda a boa economia e toda a boa cultura começa nas pessoas e para as pessoas, também os desastres que podem afundar as sociedades, grandes ou pequenas, começam com as pessoas.

A confusão entre causas e efeitos, o insulto e a calúnia assumidos com instrumentos de regozijo e de domínio, a deturpação da história longínqua até se chegar à mentira sobre o passado recente, o riso estulto de como se decoram as falácias mais velhacas, enfim, o ataque soez com que se faz identificar o diálogo, são os elementos que inviabilizam qualquer avanço ou progresso na maturidade das sociedades. Bem podem os aglomerados humanos assumirem um ar cosmopolita aos sábados e domingos, bem podem mascarar-se de metropolitanos às segundas e terças-feiras, mas não enganam quanto ao lugar que ocupam – um sítio do monte mal com a cidade, ou um subúrbio apenas bem com o subúrbio de outro subúrbio. E não se passa daqui.

Um sítio desses não precisa de comunicação, nem sequer de economia, muito menos de cultura. Apenas necessita de falácias – falácias económicas, falácias culturais e falácias de comunicação. É um sítio sem força ou apenas com a força que é a soma da força das pessoas.

Flagrante Hospital: Aquele que apenas existirá quando, continuando ainda promessa central, já não for necessário porque, depois de morto, cevada aos subúrbios…

Carlos Albino

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