SMS: As redes sociais e o seu contrário

Cada vez mais se nota, tanto os que temiam ou resistiam a entrar nas redes sociais, como os que aos seus braços se entregaram como amor à primeira vista, estão a tomar decisões opostas – os primeiros entram com muito alento, os segundos abandonam desalentados. Claro que há os que se mantêm nessa espécie de jogo de relações humanas, onde as opiniões, verdades e mentiras, erros calculados e ideias tentadoras como a maçã do paraíso perdido são colocados como que numa batedora de cozinha. E daí tanto pode sair veneno como sumo com sabor para cada gosto ou género e espécie de gostos. Seja como for, é o que temos, ocorrendo fazer a pergunta – não foi sempre assim, muito embora com outras designações?

É verdade. O que outrora demorava tempo a surtir efeito (facto ou boato, opinião de entendido ou foguetório de alarve), agora é rápido, quase imediato, instantâneo. Para os que desconheciam a fundo do que estavam a falar, o que outrora dava vergonha ostentar, agora é exibido cm total despreocupação, se é que o disparate não se mostra com orgulho por quem o produz. Outrora, quem desconhecia a boa escrita e as suas regras mínimas, tolhia-se, tapava as palavras com os cotovelos, ou submetia o recado à emenda. Agora, não. Um erro, seja de grafia, seja de morfologia, ou de construção frásica, é colocado aos olhos do mundo como uma flor de sabedoria. O que não é grave comparado com outras flores. Por exemplo, há gente que mal sabe a diferença entre lei e costume mas surge na rede social a dissertar como que convencida de aptidão do nível de um juiz do Supremo. Nem põe em dúvida, muito menos uma ressalva – afirma com a vaidade própria após um ato de posse. Há também o contrário. Gente que levou a vida queimar as pestanas, que se jubilou das academias ou de outros lugares onde a sabedoria à medida que aumentava impôs a redução do autoconvencimento, mas que, nas redes sociais, continua a afirmar que supõe, que lhe parece, que julga estar perto da verdade, não no seu centro. Ou seja, nas redes sociais há de tudo, fazendo com que as próprias redes sociais até se convertam no seu contrário – em redes anti-sociais.

Com a proximidade de eleições, e quanto mais o sufrágio se aproxima, assim também cada vez mais a rede se aproxima do anti-social. E caso as intervenções ocorram numa base de anonimato ou de falsa identificação, pior. A mentira passa a ser o pão nosso de cada dia, o insulto e a calúnia são a moeda corrente, o triunfo da ignorância chega a merecer aplauso.

Flagrantes festivais: E depois? Morrem as vacas e ficam os bois.

Carlos Albino

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