A epidemia já entrou por baixo das nossas portas, e pior que o vírus, só o pânico. E muita gente entrou em pânico, embora um número apreciável se sirva do mesmo pânico para fins não confessados. Como sempre, quando se instala a balbúrdia, há de tudo. Se por acaso se determinam medidas preventivas com alguma dureza, não falta quem as ache excessivas. Mas se, por falta dessas medidas, a situação se torna insustentável e nefasta, logo não faltam também dedos acusadores apontados para as lideranças, sejam estas nacionais ou locais. Pelo meio, metem-se cálculos eleitorais se eleições estão à vista. Cálculos feitos em função das características das eleições, como no caso das autárquicas nas quais por vezes vale tudo, até arrancar olhos, ou também enterrar bem fundo o que todos os olhos vêem. A todos estes, a situação de pânico como a que parece estar a instalar-se no País com a epidemia do Covid-19, quer haja medidas ou não, serve-lhes por inteiro.
Mas é também nestas horas que as lideranças locais são postas à prova, no que diz respeito à credibilidade, preparação para enfrentamento de crises, capacidade de comando e reserva de serenidade. E quando aqui nos referimos a lideranças, não estamos a ver apenas quem está no poder ou tem o poder nas mãos. Referimo-nos com igual fatia, aos que estão na oposição ou que anseiam chegar ao poder pelo voto, e não por outro meio ou recurso, designadamente pelo uso da notícia falsa, do ataque e da calúnia, matérias nas quais as redes sociais já formaram grandes especialistas. O Algarve não está imune destas figuras. Nunca esteve.
Por outro lado, é também nas horas como as deste tempo que passa, que se vê como as sociedades, designadamente as locais, perdem a sua própria memória. Não custa verificar que o Algarve a perdeu, para já quanto a epidemias, para não se falar de outras catástrofes. Perde-se a memória quando a população e as suas lideranças são ou estão desenraizadas e desinseridas.
Flagrante surto epidémico: C
Carlos Albino