SMS: Divertimento e Saber, eis a questão

Olhando para o ano que passou, não é difícil perceber que, neste Algarve, há um enorme desequilíbrio entre divertimento e cultura. Melhor dizendo, há uma desproporção abissal entre o recreio público e a promoção do conhecimento, ou seja do Saber. Sob a capa da animação, quase todo o dinheiro investido pelas autarquias e algumas outras poucas entidades públicas, vai para festas por festas, recreio por recreio, enfim, coisas que são importantes para o convívio e encontro das gentes, mas o que é demais não presta. Há uma espécie de ditadura do “eventos” que são tudo menos eventuais. E a tudo o que se faz em nome da animação se chama “cultura” na qual mal se toca. As agências que abastecem tais eventos, naturalmente que agradecem porque os respectivos orçamentos engordam. Nada há contra tal actividade. A desproporção entre o que é efetivamete Cultura e Divertimento é que, no balanço dos “eventos”, é chocante.

E é assim que temos ouvido responsáveis, melhor dizendo – decisores políticos, a falarem de Cultura a propósito dos seus “eventos”, dando provas de que não sabem do que estão a falar, no pressuposto de quem os ouve também não sabe. Mas perante quem se esforça por saber, essa confusão coloca-os no ridículo. Mais: porque são decisores políticos, colocam a Região e não apenas o seu quintal no ridículo.

A agravar a situação, as poucas instituições culturais públicas que existem nos quintais ou na Região, revelam na generalidade uma pobreza cultural confrangedora, embora algumas com muitos “eventos”. E de entre tais instituições, à cabeça é de citar as bibliotecas também na generalidade entregues a burocratas culturais, diligentes por certo, mas sem sangue e que em alguns casos comprovadamente são uma tristeza politicamente coberta.

Toda esta gente, decisores e burocratas, estraga o sonho de um Algarve Cultural, o que quer dizer que estragam a Cultura no Algarve. Causam um estrago sem remédio porque a sua génese é a dependência do subsídio nuns casos, a procura ou recompensa do voto noutros casos, o salário de prestígio social nos restantes casos.

Naturalmente que a Cultura, bem entendida como promoção do Conhecimento e mostra do Saber, nada tem a ver com o ambiente de enterro de alguns “eventos” ditos culturais onde só falta chorar e dar sentidos pêsames, porque aplausos funerários não faltam por entre as famílias da tristeza.

Com tais ambientes, não se admirem dos jovens fugirem para o Divertimento e desdenharem de tal perversa “cultura”. Como também não se admirem de ver os jovens em peso, caso sintam estar perto do Conhecimento e do Saber.

Dá pena ver tanto dinheiro gasto assim. As políticas culturais dos municípios, a prosseguirem esta grande Animação, terão um lindo enterro.

Flagrante AVC: Isquémico ou hemorrágico, um acidente cerebral espreita o Hospital de Faro. Viu-se e ouviu-se pela televisão que funcionários hospitalares denunciaram circunstâncias que os algarvios e passantes conhecem de há muito mas falaram sem rosto e com voz deformada, como testemunhas fazem por medo a propósito de um crime. Se têm receio de represálias, é mau, muito mau para que os atemoriza – quem proíbe? Se têm medo como testemunhas, lá por isso, mais medo têm os algarvios e passantes em peso perante o que se passa. Haverá ordem para calar? Se há, não é mau, é péssimo porque indicia um acidente vascular cerebral.

Carlos Albino

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