SMS: E enquanto o resto não arde

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A palavra de ordem depois das tragédias de 2017 foi a da prevenção. Desconhece-se até que ponto essa palavra de ordem chegou a Monchique. Sabe-se apenas que muitas exigências foram endereçadas aos cidadãos proprietários de terras com os incumprimentos a serem ameaçados com multas, e toda a gente compreendeu. O Presidente da República conseguiu evitar que a tragédia e o drama de uns quantos portugueses alimentasse alguma comédia parlamentar dos que apenas sabem pedir contas e jamais prestar e assim se chegou a este verão com o convencimento de que Portugal estava prevenido e que a eventualidade mais do que certa de grandes incêndios seria vencida. Assim pensou muita gente até ao momento em que foi afirmado e não desmentido, que a área de Monchique estava ocupada em 73 por cento por eucaliptos que, como toda a gente sabe, é a condição para uma floresta estar prevenida contra incêndios. Mas, enfim, o regabofe florestal já vem de há muitos governos, ou de todos cada qual cm o seu contributo, pelo que muita gente já estava disposta a perdoar as derivas políticas que um incêndio pode provocar em cabeças mal formadas, se não surgisse mais um dado novo.
Assim aconteceu. Estava o incêndio longe do rescaldo quando se ficou a saber que um plano de gestão florestal e de prevenção para Monchique está parado há sete meses nas gavetas do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. O caso seguiria o rumo normal do escrutínio se prontamente o ministro da tutela e o próprio instituto visado não viessem prontamente afirmar que não tinham conhecimento de que algum projecto com aquele objetivo estava pendente de aprovação. Das duas, uma, como diz o outro.

Será bom que o ministro da tutela esclareça, e que o Instituto relate com objectividade o que tem a dizer, sendo difícil imaginar que a Associação dos Produtores Florestais do Barlavento Algarvio tenha caído na invencionice. O certo é que o fogo teve vida facilitada e continuará a ter enquanto não houver prevenção a sério.

Flagrante sugestão: Basta abrir o antigo volume da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira dos anos 30 ou 40 do século passado, e ir à letra M de Monchique, para se perceber que árvores e vegetação tinha a serra.

Carlos Albino

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