SMS: Infinitamente grandes

Engrandecem-se a si mesmos e engrandecem o Algarve, os municípios que se aproximam, que traçam projetos comuns para objetivos comuns, e que se unem para dar e não apenas para pedir. Há por certo mais exemplos, mas o mais recente partiu desse triângulo central do Algarve constituído por Albufeira, Loulé e Silves. Protocolaram um acordo intermunicipal apadrinhado cientificamente pela Universidade do Algarve visando a candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO, com o argumentário dos vários e impressionantes geossítios já identificados. Tem nome – é o Geoparque Algarvensis. Há data para a apresentação da candidatura – 2021 ou 2022. Há muito trabalho pela frente – identificação, musealização, mobilização de populações e empresários, e, sobretudo, o trabalho de se acreditar no interior e do interior acreditar em si próprio.

Silves, Loulé e Albufeira, ao colocarem em comum o que, por sorte, a terra lhes deu e o mar passado deixou, sem dúvida que se tornaram municípios infinitamente grandes, com contraste com os municípios infinitamente pequenos, que também os há. Grande é o município que prescinde de hegemonias, afasta exercícios de domínio administrativo ou supostamente político, e recusa basófia económica ou estendal falsamente financeiro. Pequeno é o município que julga dominar a terra a partir do seu quintal onde podem caber três galinhas mas já não cabem os pintos. Os pequenos não só matam o municipalismo como sabotam a regionalização, e os que se aproveitam de tudo o que seja pequenino, podem ganhar eleições mas perdem grandeza. E é isto que tem enfraquecido o Algarve.

E porque os bons exemplos são para serem reduzidos a escrito e ficarem documento, quem assistiu à cerimónia do Geoparque Algarvensis concordará com a publicação dos discursos de José Carlos Rolo Albufeira), Vitor Aleixo (Loulé) e Rosa Palma (Silves), e, tanto fará que seja em prefácio ou em posfácio, as sábias ponderações de Paulo Águas (reitor da UALG) e de Cristina Veiga Pires (coordenadora científica do projeto). Tais discursos foram uma sadia manifestação do que o Algarve deve ser, mas que tantas vezes não é apenas porque, aqui, deus sonha, o homem não quer e a obra fica adiada ou anulada.

Mas como não há bela sem senão, apenas houve que lamentar as ausências em tal cerimónia, dos presidentes da AMAL e da CCDRA. Perderam uma excelente oportunidade de serem também infinitamente grandes. É pena.

Flagrante pessimismo: Mais do que pessimismo, desalento. Os extremismos andam por aí com ar de cordeiros, e o clientelismo, jogadas e batotas andam por aí à vontade como lobos. E os pastores que deviam aparecer, escondem-se.

Carlos Albino

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