SMS: Nesta grande pausa, é hora de pensar

Por ironia do destino que é aquela coisa que, quando é comum, nos obriga a pensar, o Algarve tem agora, infelizmente, a oportunidade de refletir sobre o seu passado recente, sobre o que fez sem grande proveito, sobre o que fez esbanjando recursos, e, enfim, como se distraiu com as diversas piratarias de costa sem fama que fique e sem grande proveito. Estas, as piratarias, não são apenas as políticas. São também as embaladas como culturais, as parasitárias, as brincadeirinhas próprias dos carnavais, todas elas se não fossem fora do tempo, desajustadas e sem sentido, até seriam bem-vindas. Há que fazer o balanço nesta grande pausa do tempo, há que verificar se não houve muita parra e pouca uva. Há que pensar.

O Algarve, melhor os algarvios podem e devem pensar sobre este passado. É a melhor celebração que todos podemos fazer nesta hora em que o Jornal do Algarve regista mais um aniversário dobrando o cabo dos trabalhos – pensar. Quem se der ao trabalho de consultar os arquivos deste jornal já com muitas décadas, rapidamente chega à conclusão de que encontra aqui uma história de advertências fundamentadas, de apelos a bem da terra, de premonições que quase ninguém desejaria que se concretizassem, e de propostas de emendas melhores que o soneto. Os melhores e maiores projectos dos Algarve foram antecipados e energicamente defendidos nestas páginas. Assim o fomos testemunhando neste passado que em grande parte é um património de papel onde pelas ideias, relato de factos e por opiniões, não houve exclusão de ninguém. Fica bem escrever sobre o passado e sobre o espaço deste jornal simbolicamente fronteiriço, tal como o Algarve é do Guadiana a até Sagres, fica bem conjugar o verbo pensar.

Pensar a política, pensar a educação, pensar a cultura, as três grandes áreas que foram afetadas por uma epidemia que, contrariamente a outras epidemias que já deram em pandemia, só pode ser travada ou erradicada com Política, com Educação e com Cultura, devendo as maiúsculas serem sublinhadas. Sem Educação como o mais importante bem da sociedade, dificilmente a mesma sociedade entenderá o que seja Cultura. E sem Cultura e sem Educação, a Política, na sua face nobre, fica inviabilizada.

A melhor homenagem que se pode fazer a um jornal que deu provas de viver e continua a viver, é os algarvios de nascimento ou de coração, pensarem o Algarve, e com isso sobre o muito que se gastou sem qualquer proveito para a Cultura, sem qualquer benefício direto ou indirecto para a Educação, e sem qualquer contributo para a elevação da Política acima dos patamares da politiquice, da proa sem justa causa, e do eleitoralismo oportunista onde costumam dançar os cangalheiros da democracia.

Flagrante número de casos: É de ver por aí gente em exercícios de populismo pré-eleitoral como que para compensar a falta de uma classe profissional que já abundou em Portugal – os galopins. Ou seja: os compradores de votos.

Carlos Albino

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