SMS: O sapatinho de Natal do País

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Colaboradora. Designer.

Aqui vai a narrativa num parágrafo só. Por ocasião do Orçamento do Estado, certamente que, muita gente já reparou que o Algarve no seu mapa e expressão, tem a forma de um sapato com a biqueira em Sagres e o calcanhar em Vila Real. Um sapato para perna grossa e pé de tamanho conforme quer quem o calça. Feitas as contas, um perfeito sapatinho de Natal onde o País, acabando o outono e começando o inverno, pode recolher preciosas prendas, como acontece há décadas e sem que o beneficiário se sinta na obrigação ou com vontade de oferecer alguma coisa em troca ou por retorno, mesmo que coisa pouca. Essa contabilidade de prendas está feita e é em cada ano confirmada, mas também por regra toda a gente se cala – quem sem querer oferece e quem avidamente recebe. Na verdade, as figuras deste presépio não subirão muito na vida, se falarem, e até regre-dirão se reivindicarem alguma atenção para o pé a que o sapatinho pertence. Por vezes, alguns brincalhões da história presente dizem que isso acontece porque o ministro das Finanças não é do Algarve, porque se fosse, pelo menos uma caixinha de bombons seria entregue através do Baptista que, tal como no conhecido anúncio, cor-responderia a um pedido da Madame AMAl, sentada sofisticadamente no banco de trás do qual não há meio de sair, por comodidade, conveniência e falsa reputação. Mas quando o ministro das Finanças é do Algarve, como já tem acontecido, o procedimento é exactamente o mesmo – volumosa prenda no sapatinho para o País, nem um figo torrado para o Algarve, ou quando muito, apenas a garantia do “início dos procedimentos para um figo torrado”. Não é do conhecimento que algum rei mago tenha vindo ao Algarve oferecer alguma sobra do ouro, do incenso ou da mirra que transporta no seu camelo até que encontre o menino nas palhinhas deitado. Nestas circunstâncias, muita gente se admira por ser cada vez maior o número dos que ficam indiferentes perante a movimentação destas figuras de presépio. A indiferença é uma reacção natural e lógica quendo se verifica que figuras que parecem vivas, são afinal figuras de barro. Dito isto, Boas Festas incluindo o Natal e dia de Ano Novo para todos os leitores do Jornal do Algarve, para a direção e redacção deste dileto Times como João Leal aprecia que se diga evocando José Barão, e votos sinceros de que as fracas figuras do presépio algarvio se emendem antes que se arrependam.

Flagrantes coletes: Meia dúzia de gatos-pingados parando o trânsito à entrada de Faro sem justificação aparente mas apenas por apetite, não é liberdade — é libertinagem.

Carlos Albino

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