Embora ainda não se considere uma pandemia, o pandemónio provocado pelo Covid-19, obviamente que força o Algarve a ter de refletir antes que seja surpreendido. Primeiro, por ser uma região fortemente marcada pelo turismo; segundo, porque o aparelho de saúde pública, pelo que se conhece e sente, não é famoso e não inspira confiança de vida. Digamos que a nível de diagnóstico ou de avaliação dos casos que eventualmente sejam detetados, o esquema montado e centralizado na Direcção-Geral de Saúde inspira aparente confiança verbal. No princípio desta semana, enquanto o País se divertia com carnavais e a Itália os cancelava, os responsáveis da DGS estavam de facto reunidos para decidirem se avançam ou não com novas orientações técnicas e medidas de segurança face ao surto galopante cada vez mais na proximidade. Mas, como é óbvio, as possíveis portas de entrada do Covid-19 no País não são uniformes, nem tal entrada obedece a pro-balidades estatísticas, e muito menos o Covid-19 precisa de passaporte ou de visto – entra e instala-se, podendo dar início ao pandemónio. Há regiões mais sensíveis que outras e o Algarve é uma destas, pelo que a prevenção do pânico vale por duas serenidades.
Sabe-se que está constituída uma task force de 71 peritos, e que podem ser chamados a colaborar no combate à infeção por Covid-19 outros especialistas, quer a título individual quer como representantes de serviços ou organismos dependentes do Ministério da Saúde, ou de outras instituições. Esta task force destina-se a centralizar toda a informação epidemiológica e evidência científica para a avaliação e gestão do risco de surto. Também foi anunciado que além do plano de contingência já existente, está a ser finalizado um Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por Covid19, o qual será o referencial específico para a atualização de planos regionais, locais e institucionais. E aqui bate o ponto.
Plano regional no Algarve e para a especificidade do Algarve, como? Planos locais e a que horas? E planos institucionais, com que recursos materiais e humanos? As dúvidas sobre esta matéria são muitas, sendo por demais conhecido o panorama da rede hospitalar e centros de saúde do Algarve. A rede de médicos de Saúde Pública e de Autoridades de Saúde no Algarve não cobre o território com eficácia e segurança, as Unidades Locais de Saúde e os Centros de Saúde estão longe de apresentarem condições de resposta a um surto que surpreenda o Algarve, e os hospitais com que contamos longe estão de garantirem a componente assistencial do dispositivo de Saúde Pública, seja em regime ambulatório ou em internamento.
Antes que seja tarde, há que prevenir, pois esse vírus, assim que entrar ou se entrar, não obedece a listas de espera, nem tem carteira para consulta num hospital ou clínica privada… E pode não vir a ser uma pandemia, mas pandemónio vai de certeza provocar numa região com estrutura económica tão periclitante e dependente.
Flagrante alternativa: Como não foi bem recebida em Faro, como lógica, a designação do aeroporto por Aeroporto Internacional do Algarve, mais do que lógica será a atribuição do nome do Almirante Gago Coutinho a essa infraestrutura regional. Só engradeceria Faro.
Carlos Albino
