SMS: Pare, escute e olhe

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Há duas matérias que, de forma relevante, definem como o País olha para o Algarve e trata o Algarve. O País centralista ou centralizado, o do poder na mão que não se abre para o Sul por uma questão histórica e cultural. Uma dessas matérias é a das vias de comunicação e a dos transportes, outra é a da saúde com tudo o que supõe. Quanto a comunicações e transportes, o Algarve é sempre o último a ser contemplado pelo Tesouro quando este pode. E quanto a saúde, é preciso morrer muita gente para o País se aperceber de que aqui, no Algarve, há gente. E não me venham dizer que essa atitude de indiferença a roçar pelo desprezo, é deste ou daquele governo, deste ou daquele partido instalado no poder, que é de há 10 ou de há quarenta anos. Foi sempre assim nas estradas, no caminho-de-ferro e com os hospitais. E é questão cultural, porque o País parece que ainda não se livrou do seu complexo de reconquista. E questão histórica, porque o País traça as suas prioridades como se ainda estivesse no tempo do condado portucalense, embora não diga ou sabendo que lhe fica mal dizer.

Isto, a propósito de comboios.

Os comboios no Algarve, para o Algarve e do Algarve, não servem as pessoas, não servem a economia. Não atendem a especificidade demográfica da região. Desconsideram as ligações com a Andaluzia que de há muito deviam ser coisa naturalmente intensa. E circulam à margem das necessidades traçadas pela economia. São um estorvo no mapa.

Bem me recordo de Durão Barroso ter assinado com Aznar um acordo luso-espanhol que previa uma via de muito alta velocidade do Algarve para a Andaluzia. Nessa ocasião, tive a oportunidade de dizer ao primeiro-ministro que não acreditava que alguma vez esse projecto fosse para a frente, fosse por responsabilidade de Portugal ou de Espanha. E assim aconteceu. Pior, hoje os transportes ferroviários, descontados meros pormenores, estão piores que há dez anos. Em vez da muito alta velocidade, o que temos é a muito baixa velocidade.

A questão não é de quem está, esteve ou vai estar no poder. É uma pose histórica do País perante o seu Sul, e, quanto mais Sul como é o caso do Algarve, pior.

Flagrante incompetência: Na 125, na Maritenda, há uma lomba “criada” pela empresa pública Infraestruturas de Portugal, S.A., que é não só prova de incompetência, é desprezo pelas pessoas. Há meses que mau cimento atirado sobre alcatrão tem a altura suficiente para penalizar os responsáveis da obra, num local de estrangulamento e sem alternativa para o trânsito.

Carlos Albino

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