Uma coisa tem a ver com a outra? Tem e não tem. E uma coisa é ter ou não ter no plano nacional, e outra que pode ser completamente diferente no plano regional ou mesmo local. Conforme o nível a que nos reportamos, assim as duas coisas parecem interdependentes, são opostas e sem qualquer sintonia, são colaborantes e quase da mesma família, ou então cada qual a relacionar-se com a outra com manha, desconfiança não declarada e aceitando alguma generosidade da parceira com alguma vergonha que esconde até poder.
Claro que a Cultura, perante a Política, não existe sem agentes culturais, tal como a Política, perante a Cultura, não tem existência útil sem agentes políticos. É óbvio. Tão óbvio como desejavelmente se requeira que um agente político seja também agente cultural, e vice-versa. A coisa já não é tão óbvia quando uma parte se serve da outra para conquistar poder, manter poder, ou justificar poder, já que a cultura não se conquista – nasce-se para ela, morre-se com a que se tem, e também pode evaporar, como igualmente não vai a votos. Ou seja – podemos ter, e ainda bem, um político culto continuando a dizer e apresentar-se como político, já a um agente cultural só lhe fica mal apregoar-se ou deixar-se apregoar como Culto pois a sua melhor condição será sempre a de se considerar um aprendiz de Cultura.
É claro que escrever mais sobre isto e prosseguir neste tom do óbvio, não parece porque é mesmo o que ensinar o padre nosso ao cura. Só que por não ae aceitar o que é óbvio é que temos o País, as regiões embrionárias e o poder local aqui e além já na pré-adolescência, a andarem mal com a Cultura por amor à Política, ou bem com a Política desgraçando a Cultura já de si desgraçada por uma imensidão de conceitos que a atravessam mas que não são “ela” na sua essência que é o aprendizado.
A Política inculta gera um País de equívocos e uma Cultura que não aprenda ou abdique de aprender mais e sempre colabora com a formação de um País de basbaques.
Se assim é, como e onde isso pode acontecer? Pois também há um exemplo óbvio – a forma como, por exemplo, se confunde a Descentralização com Centralismo circulado.
Flagrante pandemia: A estupidez e o egoísmo resistem a qualquer vacina.
Carlos Albino