Está na ordem do dia, segundo parece. Governo, em especial o Ministério da Cultura, e câmaras municipais estão no alvo. Ora porque sim, ora porque não. E mesmo que haja “políticas culturais” concretas ou apenas existindo no inóspito planeta das intenções, até mesmo estas são o alvo neste campo de tiro do analfabetismo virtual e da iliteracia em que grande parte do País se converteu. O Ministério da Cultura coloca-se a jeito de vez em quando e sem que se espere, para se colocar nesse calvário. E as câmaras nem se dão conta que estão predestinadas a terem que suportar a confusão mental dos que não conseguem distinguir o carrapato de um caranguejo.
Há uns anos, houve muito barulho quando se liquidou o Ministério da Cultura para dar lugar a uma secção de expediente da Presidência do Governo, sob a forma de secretaria de Estado. Depois do barulho, o ministério foi reposto, mas não se sente a diferença entre o que passou a ser e uma secretaria, a começar pelo ministro que, para ministrar na Cultura, tem que ter “autoridade cultural”. E o modelo vem para aí abaixo. Direções Regionais de Cultura? O que têm para dirigir? O que podem decidir? E, dirigindo. o que têm de “regionais”? E sendo por acaso regionais, o modelo de atuação, o perfil e o rosto dos dirigentes regionais da Cultura adequam-se àquele tal padrão mínimo para, com credibilidade e valores de reconhecida identificação, atraírem criadores, transmissores e divulgadores da cultura, e para galvanizar populações e públicos? Em alguns casos sim mais ou menos, noutros roça a desgraça.
E as Câmaras? Para além do que sentem ou julgam que podem fazer nas áreas da recreação e do divertimento, que vitalidade e dinâmica apresentam as bibliotecas públicas e outros equipamentos culturais sob a sua alçada? Não será difícil perceber que em bastantes casos, as instituições culturais locais se converteram em centros de mumificação de burocratas, maus não pela burocracia, mas pelas múmias. Salva-se o fogo de artifício, a montagem e desmontagem de palcos, o artista das tournées, as mensagens pelo Youtube com os braços a dar a dar cmo o estagiário da televisão do Porto, e o balbuciamento de umas coisas que passam por poesia. É uma pobre festa a que se dá o nome de animação.
Só que, perante tanto erro, fica-se sem ânimo. Mas não carrapato, nem caranguejo.
Flagrante oportunidade: À magnífica equipa que torna possível este Jornal do Algarve – leitores, redatores, colaboradores e, claro, ao diretor Fernando Reis – um Feliz Natal e um Ano Novo que derrote a pandemia.
Carlos Albino