SMS: Pouca-terra, pouca-terra, muito pouca terra algarvia

Sobre a questão do Hospital Central, estamos conversados. Nem este ano, nem para o próximo ano, nem dentro de que ninguém se sabe quantos anos poderá ser lançada pela terceira vez a primeira pedra. Por favor não prometam, nem critiquem mais quem não cumpre. Estamos conversados. O Algarve, segundo essas tais estatísticas de comédia, é uma região rica – estamos todos conformados com a evidência de que a média da riqueza do habitante mais desgraçado vivendo numa casa sem telhado com a do proprietário da carteira mais volumosa respirando na proa de um iate de milhões, traduz um rendimento astronómico. É uma evidência barulhenta, muito embora a média das campas dos cemitérios seja extremamente silenciosa. Conformemo-nos.

Sobre os transportes, em especial sobre os comboios, a ferrovia… Para quê mais? Para quê reivindicar linha dupla de e para Lisboa, para quê eletrificar as linhas até Vila Real e Lagos, para quê repensar a fundo o mapa das ligações ferroviárias, com mais e novas estações abarcando mais terras e garantindo ligações a Espanha? Para quê ligar o Aeroporto ao Algarve se ele é apenas de Faro, para quê ligar a Universidade a Faro e Arredores se parece ser conveniente que ela seja apenas uma abstração do Algarve? Para quê estações intermodais se cada cidade é já uma aldeia e cada aldeia é para cada rei o mundo todo? Desde que uns quantos vagões garantam o transporte de combustíveis para o aeroporto por uma linha que tanto quanto possível não provoque descarrilamento e esteja minimamente eletrificada para que não se tenha que recorrer ao candeeiro a petróleo e caso de uma roda se desprender, o Algarve não precisa de mais nada. Nem de mais um alfa, nem de algum ómega.
E se de mais alguma coisa precisar, isso que fique para lembrar quinze dias antes das eleições e para esquecer oito dias depois, sendo coisa para se administrar lúdica e politicamente nos intervalos orçamentais.

Importa acrescentar alguma coisa nesta questão dos transportes e da ferrovia. Pela Europa fora e não só, é raro o aeroporto decente que não tenha conexão com linha de comboios ou não acolha mesmo uma estação ferroviária subterrânea ou à superfície. É raro o aeroporto que não sirva ou não se insira numa área metropolitana, seja esta maior ou menor. Um aeroporto é para servir e não para prestigiar.

Assim estranha-se que o Presidente da AMAL tenha relativizado ou mesmo posto de lado uma ligação ferroviária para o aeroporto e servindo a Universidade que está tão isolada com a antiga Ilha dos Fornicos desmantelada para dar algum lugar no sapal a bocado de pista. Se falou em nome pessoal, em nome de Olhão ou, sabe-se lá, de Faro, um tal raciocínio apenas se compreenderá num quadro de espontaneísmo. Se falou em nome dos autarcas do Algarve, de todos ou pelo menos da comprovada maioria, também apenas se compreenderá num quadro de voluntarismo.

Só que, quer o espontaneísmo quer o voluntarismo, no Algarve e sobre as questões da saúde e dos transportes (as duas maiores mazelas políticas da região que se juntam à terceira que é a habitação), são piores que as falsas notícias. Em matéria de saúde, isso provoca um surto regional. Em matéria de comboios, provoca um descarrilamento na cada vez mais pouca terra algarvia. Há muitos revisores para tão poucos maquinistas.

Flagrante estado da Informação: É de cair para o lado. Para já, o estado de quem devia ter vergonha e não tem.

Carlos Albino

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