Pela lei e pelas circunstâncias, a direção regional de Cultura irá mudar de mãos. Politicamente, o cargo regional é de elevada importância precisamente por ser regional. É importante, não pelo orçamento de que dispõe e que não é muito, ou pelo poder que irradia e que já pode ser algum, conforme, ou ainda pela influência que exerce e que depende mais da capacidade e engenho de quem irá entrar e sair diariamente do n.º 1 da Rua Professor António Pinheiro e Rosa, em Faro. Tudo depende se o nome for certo para o lugar certo.
Mais importante que saber quem poderá assumir a direção de Cultura do Algarve, é avaliar a importância do cargo, o que este significa no contexto regional e, decorrendo da avaliação e do contexto, traçar de alguma forma o perfil da função com o qual o Algarve se reveja e identifique. Pela definição legal, muita gente serve. Basta dar prévias garantias de, disciplinadamente, assegurar a articulação com os serviços e organismos da Presidência do Conselho de Ministros na área da cultura. O resto – acesso aos bens culturais, fiscalização da produção artística financiada, salvaguarda e valorização do património cultural, e o apoio a museus – daí decorre. Muitos podem dar tais garantias e a conversa morreria aqui se bastasse o perfil de funcionário zeloso. Só que não basta.
A direção regional de Cultura, precisamente porque é de Cultura, supõe o nome de quem conheça a Cultura com provas dadas antes do ato de posse, que conheça os nomes, as referências, os factos e as necessidades da Cultura, e se identifique com o desiderato cultural do Algarve. Um nome a que corresponda um perfil de conhecimento da Região (letra maiúscula) e de capacidade de mobilização – mobilização de recursos, de competências, e de harmonização da constelação autárquica que tem 16 sóis, cada um correspondente a um concelho. Para este perfil, os nomes já são poucos, meia-dúzia pela letra da lei, um ou dois quando muito, pelo contexto político.
O cargo para o qual se deseja um nome certo, arriscamo-nos a dizer, é um dos mais importantes para o Algarve. Com a extinção do governo civil e apagamento do que tinha de emblemático ou simbólico, pouco mais era do que isso, com as atuais características e funções da CCDRA, e com as provas de merecimento que os municípios podem dar ou fazer na área da Cultura, a Direção Regional de Cultura pode ser tudo ou nada, no Algarve e para o Algarve. Depende de como o nome preenche o perfil. Oxalá seja um nome grande.
Flagrantes guias: Surpreender alguns “guias turísticos” a falar da história e do património do Algarve a grupos de incautos estrangeiro, dá vontade de rir, para não dizer vontade de chorar. Mal vai uma terra quando a pobreza de espírito é cicerone.
Carlos Albino