Sabe-se que o tema é muito difícil no Algarve e para o Algarve, embora por regra quase sem exceção implique ou comprometa gente que pouco ou nada tem a ver com o Algarve, a não ser pelas dificuldades que causam quando competem o Algarve. Referimo-nos aos Pandora Papers, esse escândalo depois de tantos outros e que rebentou esta semana.
Ainda se desconhece a verdadeira extensão do escândalo, ou até que ponto implica, e nisto qual o cruzamento com a montanha se suspeitas que envolvem negócios no Algarve, mas que não passam de suspeitas, à exceção de três ou quatro casos badalados por arrasto. Apenas o que se sabe é que o tema dos offshores conduz os ingénuos da Terra a verificarem que, por esse buraco negro adentro, são engolidos cerca de 11 por cento do PIB mundial. O equivalente a uns bons oito milhões de milhões de euros sonegados em impostos não cobrados, permitindo no maior dos silêncios e das simulações, as maiores patifarias financeiras.
É caso para pedir que façamos todos figas para que os investidores no Algarve estejam mais ou menos isentos nesta matéria, embora os autores de tais patifarias se sumam como conquilhas pela areia ou transacionem as suas conchas por cascas de outro marisco qualquer, por vezes com a ajuda de outros mariscos de aluguer cujos pés ambulacrários conhecem os fundos do mar que lhes interessam – municípios, justiça, grupos de pressão, pelotões de influência. E façamos figas porque esses patifes rebentam com tudo e muitos ficam de pé, com o olho conspirador a programar a próxima em seus faustosos escritórios, moradias, barcos e aviões.
E nós coitadinhos.
Flagrante apuramento: Há por aí certa bicharada que nem o São Francisco de Assis chamaria como irmãos, por mais apurados que tenham sido. Além disso, têm a arte suprema de convencer os pobres de espírito que os tojos dão rosas.
Carlos Albino