SMS: Responder não ofende

Se perguntar não ofende, responder ofende muito menos. Responder à pergunta que os partidos concorrentes às próximas eleições e que já apresentaram as suas listas definitivas, deviam fazer a si próprios e que é esta: a nossa lista integra apenas gente capaz, competente, honesta, sem traumas e apta ou inclinada a representar e a defender os cidadãos por entre os quais, por acaso, há algarvios eleitores? A pergunta formulada de outra maneira: a nossa lista integra gente que do número um ao número tal elegível que, se for eleita, sabe o que vai fazer no Parlamento, quanto a funções, direitos e deveres? Possivelmente todos os partidos, nomeadamente os que têm visibilidade no Algarve, fizeram estas e outras perguntas mais exigentes para não terem surpresas amanhã ou depois.

Mas se os partidos podiam e deviam interrogar-se antes de apresentarem as suas listas como definitivas aos olhos da opinião pública, sobre se “isto serve?”, os cidadãos também devem responder antes ou até à hora do voto, sobre “isso serve”, comparando as atuais listas com as anteriores, identificando deficiências, assinalando erros de escolha do número Um ao número Tal elegível, e gerando uma fundada convicção sobre se a lista proposta não resulta apenas de jogo interno, de burocracia partidária e de favor, ou se é coisa séria decorrente de ideia, de projecto, e de avanço da sociedade e para a sociedade, com gente capaz em todos os sentidos, designadamente o sentido ético.

Assim sendo, responder não ofende, porque os dados estão lançados, as listas são conhecidas nas versões definitivas, e no que diz respeito ao que emanou do Algarve, as listas arrumam por ordem os rostos, uns conhecidos, outros à espera de prova, outros ainda vivendo do perfil do chefe, qualquer que seja o chefe. Se as respostas maioritariamente apontarem para uma “subida de nível” das listas em geral ou de cada partido isolado, relativamente a anteriores eleições, a democracia teria o dever e a obrigação de se congratular – foi feita para isso. Se, pelo contrário, as listas se revelarem pobres, a descer de nível ainda que subindo em oportunismo, e politicamente inundadas por gente de mau feitio e caras de poucos amigos, a tal senhora dona Democracia, só se for cega é que não tomará providências para que a porta não se abra aos que, com palavras mansas, visam anular um esforço que vai para meio século.

Claro que não está em questão saber-se o número de canudos nesta ou naquela lista, se há agora mais canudos que antes, se há mais mulheres, etc.. O que está em causa é a prova política dada por cada um dos candidatos. Prova política que não é ou não se esgota e muito menos começa com a obediência canina ao partido X, Y ou Z, mas começa por outro currículo, o do serviço prestado à sociedade e às tais causas públicas que requerem respostas com competência insofismável, com ética que não deixe margem para dúvidas, e sobretudo com verdade.

Ora, vendo o que está patente aos olhos, as listas algarvias, de modo geral são fracas, salvo uma ou outra figura. São fracas em si mesmas e mais fracas parecem comparando-as com as listas de outras regiões. E tal fraqueza não se ilude com a altivez dos que, por acaso, até parecem fortes – altivez de pensamento, de gestos e de ação. São poucos os candidatos algarvios que se salvam, e cujo valor indesmentível não compensa a pobreza dos que atrás de si arrastam. Dizer-se mais do que isto, ofenderia – não entramos pelo terreno da ofensa, fica à consciência de cada um.

Flagrante confusão: Numa dada assembleia municipal deste Algarve, toda aquela gente se alcachofrou e… segundo parece, ninguém sabia bem do que estava a falar e a ouvir – foi uma assembleia muito participada, mas medieval como nos festivais em que a imaginação é escassa.

Carlos Albino

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