Por aí se fala de regime e de sistema como se tudo isso fosse a mesma coisa. E à sombra desse embuste, há os que se declaram antissistema para deveras encobrirem que são contra o regime, e também há os que se declaram contar o regime, contra o sistema e contra tudo ou porque ignoram o que seja cada um desses conceitos de organização, ou porque sabem melhor do que ninguém, aproveitar-se do seu próprio sistema pessoal egocêntrico e do seu exclusivo regime individual, pelo que apenas não são ditadores porque nem numa ditadura cabem. Mas o certo é que ser “antissistema” está na moda para uns tantos militantes do embuste.
Pede-se um exemplo? Basta um ou dois para ilustrar. Dizem-me que em câmaras para onde foram eleitos vereadores “antissistema” mas sem pelouros atribuídos, estes, mal abancaram, começaram exigir no primeiro minuto um gabinete, secretário ou secretária pessoal, telefone próprio, carro e motorista… E isto após uma campanha em que clamaram até à exaustão ser contra o “sistema” que tem deputados e representantes municipais a mais, vereadores a mais, funcionários para isto e para aquilo a mais vivendo à custa do erário público sem qualquer justificação, etc.. E é também sobejamente sabido que um desses fenómenos “antissistema” se posicionou para que fosse eleito não para uma função, com legitimidade por mais torta que fosse no sistema, mas para um cargo de representação do regime, Há mais exemplos, mas bastam dois.
É claro que no atual regime que é republicano e não monárquico, e no atual sistema que é democrático, não autoritário e muito menos ditatorial, não há lugar para criminalização da opinião, muito menos para prisão por delito de livre expressão. É assim que o regime e o sistema têm tolerado opiniões e discursos que roçam as linhas vermelhas pisadas pelos discordantes do regime e pelos que, por saudosismo ou por suposta pancada mental, se declaram “contra o sistema”. Não havendo crime, ninguém do regime e do sistema reclama julgamento muito menos prisão de quem assim fala em voz alta ou escreva em letras garrafais. Mas, por outras palavras, uma Democracia eleger embustes como se fossem coisas do seu próprio regime, e acolher ou dar sustento a embustes como se fossem também coisas do seu próprio sistema, seria ingenuidade, fraqueza e laxismo a mais. Um Democracia eleger quem anseia e se prepara para ser sua carcereira, ou ameaça até ser sua carrasca, é demais.
Flagrante urgência: Diálogo com a Andaluzia.
Carlos Albino