SMS: Terceiro passo, é a estratégia, estúpido

Terceiro passo, é a estratégia, estúpido

Duvida-se que a saloiice acabe e que o provincianismo dê lugar ao provincialismo com maturidade ou, se preferirem, ao regionalismo baseado na competência, na responsabilidade e na cidadania efetiva. Fernando Pessoa definiu o provincianismo como a doença mental do português, e parece ser verdade. Os sintomas disso surgem todos os dias, havendo até gente assintomática mas portadora desse gravíssimo fator de atraso. Portadora e contagiando. Demos o cado como distração mas há até políticos em função e cargo que contribuem para que o planalto da infeção não baixe. Basta citar essa corrida às capitais disto ou daquilo, quando todos partilham ou deveriam partilhar o mesmo bolo. Ou então às disputas de protagonismo sugerindo que o progresso de uma terra é que provoca o declínio de outra, em vez das duas darem as mãos, coordenarem políticas públicas, evitarem a balcanização do Algarve.

Dir-se-á, por defesa, que há instrumentos de coordenação, que até há órgãos para isto e para aquilo, enfim que que há declarações de intenção, discursos, anúncios, pregões, enfim, verbalismo, muito verbalismo. Pouco tempo passado depois de tais gritos napoleónicos, ou toda a gente se esqueceu de quem gritou, ou do que foi pretexto da gritaria. E é assim que o Algarve, quanto a importância política, representatividade, peso identitário e valores, tem vindo a perder altura, tem vindo a rarefazer ou mesmo a destruir o seu escol, as suas elites. Participamos com triciclos numa corrida onde grande parte das outras “regiões” usam a bicicleta de profissional. No final de cada etapa, almoçamos e voltamos a pedalar nos triciclos de cada terra.

Se o objetivo da eleição em consistório do presidente da CCDRA, é o de acabar com o verbalismo e definir de uma vez por todas quem com legitimidade e autoridade pode e deve falar em nome do Algarve e dos Algarvios, isso já será um avanço, embora pequeno avanço. Pode ser até avanço tático, se houver voz e não apenas garganta. Mas falta a estratégia. E o Algarve precisa de uma estratégia. Com letras maiúsculas, assim: ESTRATÉGIA. É a estratégia, estúpido.

A integração das terras que são na prática subúrbios umas das outras, sejam elas cidades que não passam de aldeias, sejam vilas maiores que cidades, sejam aldeias maiores que vilas, essa integração em áreas metropolitanas com a dimensão possível e concertada, é o caminho político e cultural de que o Algarve necessita.

Continuaremos.

Flagrante insistência: Não se recebeu qualquer resposta ao pedido de esclarecimento da semana passada, e por isso se insiste – a subida do nível das águas no litoral do Algarve é uma balela, ou para as eleições autárquicas justifica-se a promessa de diques?

Carlos Albino

Deixe um comentário

Exclusivos

Professor Horta Correia é referência internacional em Urbanismo e História de Arte

Pedro Pires, técnico superior na Câmara Municipal de Castro Marim e membro do Centro...

O legado do jornal regional que vai além fronteiras

No sábado passado, dia 30 de março, o JORNAL do ALGARVE comemorou o seu...

Noélia Jerónimo: “Cozinho a minha paisagem”

JORNAL do ALGARVE (JA) - Quem é que a ensinou a cozinhar?Noélia Jerónimo (NJ)...

Realidade algarvia afeta saúde mental dos jovens

Atualmente, a incerteza sobre o futuro académico e profissional preocupa cada vez mais os...

Deixe um comentário

Por favor digite o seu comentário!
Por favor, digite o seu nome

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.