A Organização Mundial do Turismo (OMT) obviamente que conta. Agência especializada das Nações Unidas e principal organização internacional no campo do turismo, deveria ser mais mundial do que conforme os interesses, pressões e compadrios. Mas parece que não é. Por demérito próprio e pela falta de mérito dos países e organizações que a integram. Com sede em Madrid, envolvendo a participação de 158 estados, 7 territórios e cerca de meio milhar se membros afiliados provenientes do setor privado, instituições educacionais, associações e autoridades locais de turismo, a organização ficou à prova com a pandemia, não sendo difícil perceber que ficou contagiada por gotículas que pairam no ar.
O secretário geral da organização, Zurab Pololikashvili (desde 2018, Geórgia) acaba de efetuar uma visita oficial às Canárias “para reconhecer a reabertura do destino turístico e os passos que as autoridades locais tomaram para manter seguros tanto os visitantes como os trabalhadores do turismo à medida que o setor se reinicia”. Decisão certa e não há que ter ciúmes ou inveja, se esta viagem de reconhecimento não se limitasse às Canárias, mas contemplasse também a Madeira, os Açores e essa ilha como tal desconhecida que é o Algarve, ilha rodeada pelas águas do Atlântico, das televisões e etc… Mas o secretário geral não ficou por aí. Antes das Canárias fora à Italia com a mesma finalidade de “reconhecimento”, e nomeando o cozinheiro Gino Sorbillo, e o desenhador de moda Giorgio Armani como “Embaixadores Especiais da OMT para um Turismo Responsável”. Também esteja longe qualquer inveja ou ciúme, mas em tempo de uma pandemia que causou uma perturbação mundial do turismo e uma crise económica e financeira do setor sem precedentes, exigia-se ao secretário geral da organização tudo menos viagens de exceção.
Olhando-se para o mapa de cargos e de responsáveis da OMT, torna-se evidente uma hegemonia espanhola na organização. Hegemonia essa que contrasta com a participação apática de Portugal e dos que de Portugal partem para as reuniões de OMT em Madrid com as acreditações de membros afiliados. Em tais reuniões, o Algarve devia ser notícia, porque a OMT obviamente conta.
Flagrante sintoma: O mau feitio e o carácter perverso não só são, na medicina familiar, prenúncios de enfarte, como também, na medicina política, são sinais de falta de inteligência eleitoral ou justificativo para redigir testamento…
Carlos Albino