SMS: Uma questão de famílias ou de vizinhos

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Não se pode e também não se deve fugir ao assunto. Já vai para bastante tempo que o País está mergulhado em notícias sobre famílias, sobre o poder das famílias, sobre a soma dos poderes de tal espécie, enfim, sobre a influência de quem tem poder e reparte o poder alegadamente em função do apelido. E esgotado o campo dos apelidos, entra-se agora no da vizinhança, dos empenhos gerados pelo conhecimento, dos favores. O volume de tais notícias é enorme e atinge todos – atinge acusados e logo a seguir atinge os acusadores. E cada vez mais vai de alto abaixo. Começou no governo, devassou já passados recentes da Presidência da República no desgraçado pressuposto segundo o qual “fora de mim, todo o mundo sofre de amnésia”, implicou deputados, tios, sobrinhos, filhos, cunhados, primos, ex-namorados, Portugal de sempre no seu melhor, envolveu titulares de autarquias e de institutos públicos, e, à mistura com algumas verdades e bastantes meias-verdades, o movimento de denúncia já regionalizou a mentira.

A dimensão das acusações passou a determinar volume proporcional de explicações públicas por parte dos acusados ou até dos que temerão entrar no rol dos favores obtidos. São filhos e filhas a garantirem publicamente que são independentes dos pais, e estes, por sua vez, a jurarem grotescamente a competência dos filhos e filhas. Televisões, redes sociais e os jornais que restam entregam-se desde há muito e com métodos competitivos, a esta espécie de saga nacional que até ficaria em parte justificada se o objetivo fosse o de sanar a corrupção nos seus pretextos e causas. Mas não, o objetivo parece não ser esse, e o calendário desta devassa de famílias e vizinhos com as correspondentes explicações antecipadas de quem parece temer ser citado, tal calendário tanto se apressa, num dia, com o apontar dos dedos, como no dia seguinte se retarda quando os acusadores passam inesperadamente à situação de acusados.

Como resolver a assunto, ninguém sabe. Por falta de lei ou mesmo por impossibilidade de haver lei, não há propriamente infracções a remeter para os tribunais, e resolver este assunto com alguma lei será o mesmo que fazer desaparecer um buraco negro da Via Láctea com uma pistola de água. O assunto começa e acaba na consciência dos visados, sejam pais, filhos, sobrinhos ou meros vizinhos. Se não têm consciência, nada há a fazer por parte dos inconscientes. Mas há muito senão tudo a fazer por parte dos eleitores e dos que recusem a política como uma carreira profissional.

Flagrante questão: Pedro Valadas Monteiro promoveu uma reunião sobre a questão dos roubos da produção agrícola no Algarve, com a participação das associações de produtores agrícolas, da GNR ed a ASAE, para além da própria Direção Regional de Agricultura. O prejuí-zo de tais roubos é elevado sobretudo quanto a alfarroba, abacates e citrinos. Não basta a ação dissuasória e fiscalizadora. Faltam medidas de fundo. No entanto, é positivo que Pedro Valadas Monteiro tenha enfrentado a questão.

Carlos Albino

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