SMS: Venha a verdade de uma vez por todas

Estamos em democracia para se dizer a verdade – a verdade toda. É certo que em ditadura também haverá alguma conveniência para falar de alguma forma verdade, ainda que esta se fique apenas pelas aparências, mas o fundamento de uma qualquer ditadura, lá do cimo e até abaixo, é o embuste, o disfarce, a meia verdade, o engano. A censura da descrição das verdades e a repressão das opiniões sobre o que se julga ser a verdade são a arma de uma ditadura, enquanto essa mesma realidade sagrada da verdade é ou deve ser a pedra angular de uma democracia. Nesta não cabem jogos de palavras a tender para a cor do embuste, do logro e do erro dolosamente cultivado.

Esta lição que toda a gente sabe e, se é que aprendeu, será perfeitamente dispensável, vem a propósito do que por aí se tem dito sobre o Hospital Central do Algarve, sendo verdade que este não existe, e não menos verdade haver muita gente interessada em que não exista, uns abertamente, outros sob sábios disfarces. Se há ou quando há, não se sabe se é uma notícia falsa. Se não há, ou se garante que, não havendo dinheiro orçamentado, pelo menos os estudos vão começar, também a trapalhada equivale nos seus efeitos e danos laterais, a notícia falsa. Isto não é próprio de uma democracia.

A quem cabe esclarecer a questão? Naturalmente que, em primeira linha, cabe à ministra da Saúde e também ao ministro das Finanças em cuja base de dados a verdade também deve constar, quer nas colunas da esquerda, quer nas da direita, sem que disso tenha vergonha.

Segundo o que veio a lume e não foi desmentido, Marta Temido afirmou que “aqui no Algarve, onde há tantos anos está anunciada uma nova infraestrutura, temos, em 2020, de planear, de modo a que em 2021 possamos começar a executá-la”. Depois, a ministra remeteu para a primeira pessoa alguma explicação mais: “o que eu gostaria era que nós desencadeássemos os trabalhos para poder ou pegar no projeto que já temos em mãos, ou revê-lo à luz das novas exigências. Mas, de facto, ter decisões que pudessem ter alguma materialização em 2021”. E mais ainda: “não estamos a falar de obras. Estamos a falar de estudos, de garantia de investimento, de decisões sobre a carteira de serviços e o caderno de encargos, para poder responder a essa necessidade dos algarvios”.

Sim – alguma materialização em 2021. Mais do que isto, até prova em contrário, é uma falsa notícia ainda que esta venha a ser corrigida por alguma parceria público-privada.

Flagrante sinal: É claro que a decisão de colocar as obras de arte do BPN, em Coimbra, durante 50 anos, indicam que… Como outrora as crianças pobres diziam no Monte Gordo às crianças que vinham lá de cima. “m’é mnine rique, sabe nadar ò quer qu’eu o aprenda?”

Carlos Albino

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