SMS: Visão? Telecegueira.

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Colaboradora. Designer.

Não há grande distinção entre “serviço público de televisão” e televisão de propriedade privada. A hipócrita competição determinada pela guerra de audiências, nivela por baixo os canais de televisão. Com o aplauso dos que, para se divertirem ou mesmo supostamente saberem, têm o único critério que não vai além dos instintos primários. Aplauso esse, cada vez mais volumoso porque sordidez e baixeza gera baixeza a sordidez. Pelo que se visto e ouvido, a televisão pública entrou nesse jogo até há pouco apenas praticado pelos canais privados.

Isto não incomodaria absolutamente nada se a televisão, no seu conjunto de canais públicos e privados, não fosse hoje uma verdadeira aula de instrução colectiva a determinar comportamentos e modos de ver o País e o Mundo. Nessa função de instruir para o bem ou para o mal, a televisão é a aula sucedânea da que já foi ministrada pela rádio e mais remotamente pelo jornal. Hoje, a televisão domina, e, mais rapidamente que a rádio e o jornal de outrora, determina comportamentos gerais e condiciona sem escapatória interpretações do País e do Mundo. Seja por via dos noticiários, seja do que genericamente se designa por programas, embora os dois géneros ou variantes de comunicação sejam cada vez mais uma amálgama.

Em dois ou três segundos, a televisão inverte ou neutraliza tudo o que de bem e de bom possa sair da Escola, seja esta privada, seja pública. Um analfabeto que entre na televisão e dela saía inteligente, anula num lampejo o saber de um Professor a sério. É preciso apenas que o analfabeto seja ousado, porque as televisões, na competição em que se envolveram, precisam de analfabetos ousados, provocadores e desavergonhados. E o caso será mais grave será até porque mais eficaz, se a tarefa que deveria em princípio ser cometida ao analfabeto, for desempenhada por um inteligente.

Que os canais privados enveredem pela falta de vergonha, pela abolição da ética e pelo destaque continuado da sordidez, isso até faz parte da prova de força que se deva ou possa fazer à liberdade de expressão e de opinião. Até porque os canais privados são mantidos por quem os paga e sustenta, e cada um é livre de os sintonizar e de a eles aderir. Mas já custa admitir que a televisão pública, sustentada por taxas obrigatórias dos consumidores e, de forma direta ou indireta pelos contribuintes, entre nesse jogo de baixeza e sordidez, e desse jogo faça motivo de prestígio.

Telecegueira. Não há outra palavra.

Flagrante slogan: Entra-se, por exemplo, na cidade de Faro e salta aos olhos o aviso de que “a Europa é aqui”. Portanto, mal de quem pense que a Europa é também ali, além e acolá.

Carlos Albino

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