Sócrates critica Gaspar, Portas, Passos e Cavaco

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Ex-primeiro-ministro lamenta “continuação de um pântano e deterioração das condições políticas” com uma remodelação que foi “imposta” a Passos Coelho.

“Tudo isto foi mau demais”. José Sócrates não poupou nenhum dos intervenientes da crise política atual, criada “de forma irresponsável e degradante”, domingo à noite, no seu espaço de comentário habitual na RTP1.

“Acho que ficámos muito pior do que estávamos”, opinou o ex-primeiro-ministro. “Isto é a continuação de um pântano e a deterioração das condições políticas. Temos um vice-primeiro-ministro que troca a sua palavra por um pouco de poder”, acrescentou, referindo-se a Paulo Portas.

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“Temos uma coligação invertida porque os principais dossiês do país foram entregues ao CDS”, explicou, considerando que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros não saiu nada bem deste “folhetim”.

“O que tenho para dizer de Paulo Portas não é nada lisonjeiro. É um bailarino que acabaria por tropeçar nos seus próprios pés”, exemplificou. “Na carta que escreveu houve três palavras-chave: irrevogável, consciência e dissimulação. Uma carta destas não tem volta atrás. O nível de credibilidade de Paulo Portas está neste momento reduzido a zero”.

“Quando li este pedido de demissão achei que Paulo Portas tinha acertado na mouche”, disse, surpreendido com o aparente desfecho da crise política.

O “cinismo” de Vítor Gaspar

Antes, José Sócrates também já tinha criticado Vítor Gaspar, cuja saída demonstrou que “ao longo destes dois anos o resultado do Governo é de falhanço” e cuja carta de demissão teve “um notável cinismo” que não é “próprio de um governante”.

“Deixou algumas alfinetadas. O ministro das Finanças nunca achou que houvesse nem liderança nem coesão no Governo”, afirmou o ex-líder do PS, assumindo que também não crê que Passos Coelho seja um líder.

“O primeiro-ministro revelou uma completa impreparação e incapacidade”, disse, não percebendo como é que, sabendo da vontade de demissão de Vítor Gaspar há oito meses, Passos Coelho “teve uma escolha fraca”, referindo-se à nomeação de Maria Luís Albuquerque para a pasta das Finanças.

“Não tem dimensão política para ser ministra das Finanças. Está fragilizada pelo dossiê Swap, por não ter dito a verdade no Parlamento e porter um voto de desconfiança do vice-primeiro-ministro”.

“Esta remodelação é uma vergonha”

Por fim, o Presidente da República, que Sócrates crê que irá aprovar a proposta para o ‘novo’ Executivo. “Confirmou-se como protetor e seguro deste Governo”, afirmou, acrescentando que Cavaco deveria ter adiado a tomada de posse de Maria Luís Albuquerque quando foi informado da demissão de Paulo Portas. “Foi um enxovalho para as instituições portuguesas”.

O socialista concluiu que ninguém demonstrou “o mínimo de sentido de Estado” em toda a crise. Para o PSD, “esta remodelação é uma vergonha” e, para o país, a situação é ainda pior, diz. “Não auguro nada de bom para esta governação”.

Mariana Cabral (Rede Expresso)
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