José Sócrates garante que se for necessário não hesitará em usar a golden share, acções preferenciais do Estado, para manter a PT com “dimensão e escala”.
José Sócrates admitiu hoje que o Governo português não hesitará em usar a golden share que tem na PT para travar a ameaça de OPA hostil da espanhola Telefónica.
“As golden shares existem para ser utilizadas, se for caso disso. Se for caso, com certeza, acha que alguém hesitará?”, disse o primeiro-ministro, em São Paulo, à margem de uma reunião com empresários brasileiros.
O chefe do Governo reafirmou a posição do executivo de Lisboa na defesa da PT perante as ameaças da Telefónica, interessada em comprar a participação portuguesa na Vivo, a maior operadora móvel do Brasil. A PT é estratégica para Portugal, defendeu José Sócrates, e é-o com a dimensão internacional que tem, insistiu.
PT não deve abrir mão da Vivo
“Para Portugal a PT é uma empresa estratégica, e é por isso, aliás, que temos uma golden share. E é uma empresa estratégica se for uma empresa grande, se tiver uma ambição de participar na economia global, de estar presente em vários continentes, como está. E queremos que continue assim, porque só continuando assim, com dimensão e com escala, é que ela fomenta em Portugal os projectos que são essenciais na área da inovação, da engenharia industrial, da ciência e desenvolvimento”, disse José Sócrates.
A mensagem não podia ser mais clara: a PT não deve abrir mão da sua participação na Vivo. “A importância que PT tem para o nosso desenvolvimento resulta da sua dimensão e da sua escala, este é o mais importante contributo que a PT pode dar ao desenvolvimento do País”, insistiu o chefe do Governo.
José Sócrates garantiu ainda que não discutiu esta matéria com o seu homólogo espanhol, José Luis Zapatero. O primeiro-ministro espanhol devia encontrar-se amanhã com José Sócrates e Lula da Silva, no Rio de Janeiro, à margem do Fórum Aliança das Civilizações, uma iniciativa das Nações Unidas.
Segundo se soube hoje, José Luis Zapatero já não irá ao Brasil devido à situação política em Espanha, onde acaba de ser aprovado o pacote de austeridade proposto pelo Governo. O encontro trilateral passou, por isso, a bilateral, entre Sócrates e Lula.