A comissão de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos, que deverá ser oficializada pelo PSD ainda esta semana, “tem implícita o infame princípio de transformar eventuais más decisões – sublinho eventuais porque isso precisa de ser demonstrado – em supostos crimes de corrupção ou de amiguismo”, escreve José Sócrates, num artigo de opinião, com o título “A Caixa: simular a leste para atacar a oeste”, publicado no “Jornal de Notícias” esta segunda-feira.
Enquanto primeiro-ministro, Sócrates diz nunca ter dado orientações ou feito qualquer sugestão “fosse a quem fosse”, que tivesse a ver com concessões de crédito do banco do Estado. O inquérito à Caixa “tem como objetivo lançar outro ataque de carácter sobre mim e o Governo que liderei”, sustenta.
Sócrates nega ainda, em particular, qualquer intervenção sobre o negócio do empreendimento do Vale do Lobo. Excreve qie nunca teve conhecimento sobre qualquer decisão da CGD quanto a esse empreendimento ou que conhecia qualquer acionista até 2015, data em que foram tornadas públicas as primeiras notícias sobre as dívidas à Caixa.
O avançar de um inquérito parlamentar à Caixa será, então, um imputar de culpas, para os acusadores ficarem ilibados, defende. E uma estratégia política óbvia. “É difícil acreditar que as necessidades atuais da Caixa Geral de Depósitos se devam à responsabilidade do Governo que governou… há cinco anos. O que me parece é estarmos perante uma infantil manobra tática preventiva: acuso-te já que não me venham a acusar”, escreve.
Fábio Monteiro (Rede Expresso)