Sócrates “sabia o que o esperava, provavelmente sabia que tinha à sua espera a Autoridade Tributária, sabia da investigação há muito tempo porque falou sobre ela em julho deste ano”, disse esta noite o comentador da TVI Marcelo Rebelo de Sousa.
Quanto à surpresa sobre a sua detenção, Marcelo disse que não era algo inesperado, e defendeu que as circunstâncias em que ocorreu, com as autoridades a irem esperá-lo ao aeroporto quando regressava de Paris, podem explicar-se pela necessidade de o “constituir rapidamente arguido, para poder ser ouvido” na presença do seu advogado.
O comentador diz não fazer ideia sobre quais serão as possíveis medidas de coacção aplicadas ao ex-primeiro-ministro, possivelmente amanhã, após voltar a ser ouvido no Campus da Justiça.
Marcelo considerou “primorosa” a reação do novo secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, à detenção de Sócrates. No entanto, sublinhou, se este caso tiver continuidade nos próximos meses, pode configurar “um problema muito grave para o PS”. Tanto mais que o atual líder socialista “está por natureza colado [a Sócrates] desde a formação do primeiro Governo”, tendo sido o “número 2” do ex-primeiro-ministro. Durante o Governo Sócrates, António Costa foi ministro da Justiça e da Administração Interna.
O comentador mencionou ainda as principais preocupações que vão pesar sobre Costa nos próximos tempos, entre as quais a escolha do “pessoal” político. “Ou é muito socrática e é Sócrates a mais, ou então terá de procurar “gente nova e independentes”. “Se António Costa ganhar as eleições com um processo Sócrates às costas é um génio”, concluiu.
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